Prefeitura vai fazer 20 drenos no Cingapura

Trabalho começa na semana que vem e deve ser concluído em dois meses e meio

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Por Marcio Pinho e Rodrigo Burgarelli
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo vai começar na próxima semana as obras necessárias para afastar definitivamente o risco potencial de explosão do conjunto habitacional Cingapura da Avenida Zaki Narchi, na zona norte. Vizinha do Center Norte, a área terá 20 drenos instalados para impedir acumulação do gás metano em áreas térreas. A previsão é que os trabalhos estejam finalizados em dois meses e meio.Segundo a Prefeitura, o projeto foi apresentado à Cetesb em junho deste ano, mas apenas em 28 de setembro o órgão estadual autorizou a instalação. A localização dos drenos foi definida de acordo com monitoramento feito pela Secretaria Municipal de Habitação desde 2009, que detectou onde estão os bolsões de gás criados pelo antigo lixão sobre o qual o conjunto residencial foi construído.Além da construção dos drenos, equipes contratadas pela Prefeitura vão percorrer todos os 140 apartamentos térreos e as áreas comuns para identificar rachaduras no solo. Todas as falhas serão tapadas com silicone, para impedir que o gás metano acumulado vaze e facilitar a drenagem pelos equipamentos a serem instalados. Segundo a Cetesb, o conjunto tem "risco potencial" de explosão, que só viraria iminente caso o gás ficasse confinado em algum cômodo ou espaço fechado dos 35 prédios do Cingapura. Por determinação do Ministério Público, a Prefeitura começou ontem a monitorar diariamente o térreo do edifício para assegurar que não há metano nos apartamentos. Até então, esse trabalho era feito a cada três dias.Um plano para organizar uma possível evacuação de moradores foi apresentado no fim da tarde de ontem à Promotoria. Nele, estão previstos a afixação de cartazes e distribuição de folhetos explicativos para todos os 2.787 moradores a partir de segunda-feira da próxima semana.Tranquilidade. Um grupo de moradores do conjunto participa de reuniões com a Cetesb e com a Secretaria de Habitação sobre a situação desde 2009. Por isso, eles afirmam que estão bem informados e que a maioria não está preocupada com a possibilidade de explosões no local.O gari Adão Barbosa de Jesus, de 67 anos, que vive no terreno desde 1977 e ajudou a construir a favela que nos anos 1990 foi substituída pelo Cingapura, afirma que "estão colocando chifre em cabeça de cavalo".Ele conta que desde 2009 o conjunto recebe funcionários de empresa contratada pela Prefeitura para fazer medições de metano e que nunca houve qualquer aviso sobre riscos de explosões. Após a polêmica do shopping, as visitas dos técnicos se multiplicaram, relata. "Se o conjunto aqui tivesse de explodir, isso já teria acontecido", diz ele, que mora no andar térreo com mais cinco familiares.Natália Silva, de 21 anos, diz que sempre viveu no Cingapura, e que sabe que não há riscos. "Não estou pensando em me mudar, não. Passei a vida aqui e sei que é seguro."Quem também contesta a informação de riscos na área é a aposentada Irene Silva Ferreira, de 66 anos. Ela cozinha em casa e diz que, todos esses anos, acendeu suas bocas de fogão todos os dias e "nunca houve nenhum acidente". O único temor de Irene é ter de deixar o prédio, que considera seguro e perto de tudo. "Tem de tudo por aqui, farmácia, mercado e shopping."

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