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Prefeitura vai entregar reurbanização de área da Mooca à iniciativa privada

Kassab apresenta hoje projeto de concessão urbanística de região com antigos galpões industriais do bairro; modelo é usado na Nova Luz

Por Diego Zanchetta
Atualização:

A gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) estuda conceder à iniciativa privada mais um plano de revitalização e reocupação de uma área degradada de São Paulo. O alvo dessa vez é a antiga região industrial da Mooca, na zona leste, às margens da linha ferroviária que corta o bairro. O objetivo é levar prédios, serviços e comércio para terrenos cheios de galpões vazios ou que estão ocupados por famílias de sem-teto. O projeto será detalhado hoje pelo próprio Kassab e pelo secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, no seminário internacional "São Paulo - Cidade Compacta". A Prefeitura pretende tornar a repaginação da Mooca uma referência internacional na recuperação de regiões degradadas. A proposta, porém, será lançada antes mesmo de o governo municipal ter iniciado as obras de revitalização da Nova Luz, a região do centro conhecida como cracolândia. Desde 2005, a Prefeitura fala em revitalizar essa parte da região central e transformá-la em vitrine fora do País, mas até hoje a área segue cheia de dependentes de crack, moradores de rua e imóveis vazios. O modelo a ser adotado na Mooca é o mesmo da Nova Luz."Será uma concessão urbanística numa área degradada de 470 hectares, dentro da Operação Urbana Mooca-Vila Carioca. A Prefeitura vai contratar uma empresa para fazer o plano urbanístico a ser desenvolvido e outra para fazer o levantamento da contaminação no bairro", afirma Hélio Neves, assessor de gabinete da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. "O uso dessa área está travado por causa das contaminações industriais do passado."O perímetro da intervenção tem o tamanho equivalente a quatro parques do Ibirapuera. A concessão urbanística também prevê um parque de 350 mil metros quadrados e regras para empreendimentos ao lado de galpões tombados pelo patrimônio histórico. "Queremos que seja uma área de uso misto, com serviços, classe popular, classe média, escolas e comércio", acrescenta Neves. "Mas toda a reocupação terá de preservar a memória industrial da Mooca", diz.O projeto da concessão deve ficar pronto só no início do ano que vem, quando a proposta terá de ser enviada para votação na Câmara Municipal. O governo diz que vai usar experiências de recuperação de áreas degradadas adotadas pela cidade de Stuttgart, na Alemanha. Representantes da cidade alemã estarão hoje no seminário que ocorre o dia todo na sede da Prefeitura.Interesse. Para o sucesso do novo projeto, técnicos da administração municipal apostam no interesse do mercado imobiliário pelas áreas ociosas da Mooca, um bairro que fica a apenas 10 minutos do centro por meio do metrô ou de carro. A avaliação é de que, ao contrário da cracolândia, na Mooca já existe uma tendência de adensamento. O preço do metro quadrado na região aumentou 80% entre 2007 e 2010 e hoje chega a R$ 4 mil em algumas ruas perto da Estação Bresser-Mooca do Metrô, valor semelhante ao cobrado em Pinheiros, na zona oeste.Nos últimos três anos, 7 mil novos moradores chegaram no bairro e outros 12 mil são esperados até o fim de 2012. O primeiro shopping do bairro está sendo construído na Avenida Henry Ford, em um terreno descontaminado, e nove torres residenciais vão ficar prontas até dezembro na Rua Borges de Figueiredo, na área onde funcionaram as Indústrias Matarazzo. PARA ENTENDEREmpresas assumem revitalizaçãoA concessão urbanística é um instrumento pelo qual a Prefeitura entrega à iniciativa privada uma determinada área que tem de passar por reurbanização. Nela, é permitida a desapropriação de imóveis particulares por empresas e construtoras. Os projetos de concessão na capital precisam passar por duas votações na Câmara Municipal e em audiências nas 31 subprefeituras antes de serem colocados em prática.

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