
28 de outubro de 2015 | 12h24
SÃO PAULO - A Prefeitura quer retirar os muros dos cemitérios da capital para valorizar as áreas verdes e históricas de São Paulo. Entre as unidades está o histórico Cemitério da Consolação, na região central, tombado pelo patrimônio histórico municipal (Conpresp). Uma parte da estrutura de cimento ao lado da Rua Mato Grosso já foi substituída por grades.
Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a Prefeitura aproveitou a queda de uma fatia do muro para testar a reação de quem passa em volta do local. "Substituímos por grades para verificar se a comunidade e órgãos do patrimônio histórico autorizam. Nós estamos substituindo muro por cerca e cerca por muro onde não precisa ter. São Paulo viveu um momento muito particular, que tudo foi se cercando, e nós estamos no caminho inverso", afirmou o prefeito.
Em 1928, Dom Pedro I promulgou uma lei obrigando os municípios a construírem cemitérios a céu aberto. Nesta época, os sepultamentos eram feito no entorno e dentro das igrejas. A necrópole foi inaugurada 30 anos depois, em 1958. Já os muros que cercam e fecham a área com mais de 70 mil m² foram projetados pelo engenheiro Ramos de Azevedo, em 1902. Mas de acordo com Haddad, os muros do Cemitério da Consolação não são tombados pelo patrimônio histórico. A exceção é o pórtico, que é a entrada principal, e tem a permanência garantida.
No entanto, Haddad se enganou ao dizer que o tombamento da área, das esculturas históricas e dos mausoléus foi feito pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Na verdade, o cemitério é tombado pelo órgão estadual que é o Condephaat.
Muitos estudantes, turistas e curiosos visitam o cemitério para ver túmulos de artistas, políticos e outras figuras famosas da história brasileira. Entre eles, o escultor Victor Brecheret (1894-1955), idealizador de dezenas de obras expostas em mausoléus do cemitério, a pintora modernista Tarsila do Amaral (1886-1973) e os escritores Oswald de Andrade (1890-1954) e Monteiro Lobato (1882-1948).
No Cemitério do São Luís, na zona sul de São Paulo, a Prefeitura está fazendo mesmo. No Parque Ceret, no Tatuapé, na zona leste, os muros já foram substituídos por cercas. O mesmo acontece no Parque Chácara do Jockey, na Vila Sônia, zona oeste da capital.
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