
27 de maio de 2011 | 00h00
Como resultado, quem trabalha ou mora na região reclama de barulho, sujeira e insegurança. Para resolver problema, associações como Viva o Centro e Santa Cecília Viva têm apostado em reuniões entre comunidade local, administração do espaço de convivência, moradores de rua e Polícia Militar. O último encontro ocorreu na quinta-feira da semana passada. "Queremos que toda a rede de assistência social seja ligada. As pessoas não podem sair do centro e ficar na rua. Elas têm de ser encaminhadas para albergues", diz José Ricardo Campelo, presidente da Associação Santa Cecília Viva. A PM e a Associação Viva o Centro propuseram à Secretaria Municipal de Assistência Social a criação de um protocolo sobre como agir com moradores de rua.
Já alguns vizinhos apostam na transferência do serviço para uma rua "com menos residências e comércios", como diz Sérgio Berbel, de 49 anos, síndico de um prédio residencial ao lado da tenda, como o local é conhecido. "Tenho registrado assaltos na câmera de segurança. Há bandidos infiltrados entre eles." Segundo ele, durante a noite, só no quarteirão da tenda, mais de 30 pessoas se amontoam embaixo das marquises. "Tem até comércio de crack", denuncia.
Os moradores de rua se queixam da indiferença com que são tratados pelos vizinhos e pelo poder público. "As pessoas reclamam do barulho, da nossa sujeira e da nossa presença. Ninguém quer um mendigo na porta de casa. Se eu tivesse oportunidade, saía da rua, mas não tenho", diz Márcio dos Santos, de 41 anos, que foi para a rua após perder os pais em um acidente de carro. Largou o emprego de marceneiro e mudou-se para o centro.
Para cobrar dignidade e respeito, o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e entidades parceiras realizaram, na manhã de anteontem, uma passeata pelo centro. Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, há 13.666 moradores de rua na capital.
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