Prefeitura leva atrações do Theatro Municipal a terminais, escolas, praças e até cemitérios

Lançado nesta terça-feira, 30, o projeto 'Municipal na Cidade' prevê mais de 130 apresentações em lugares públicos até o final do ano

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Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - "O que é isso aqui?", perguntou uma mulher, ainda confusa com a aglomeração que se formava por volta do meio-dia em uma das plataformas do Terminal Parque Dom Pedro II, na região central. Ao ouvir a pergunta, uma segurança se limitou a dar de ombros e balançar a cabeça na negativa. Não fazia ideia.

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O estranhamento tinha motivo, afinal não é todo dia que se ouve uma ópera - com direito a violino, flauta e piano - ser executada gratuitamente em meio ao zunzunzum de passageiros e vai-e-vem de ônibus. A atração, com integrantes do Coro Lírico e da Orquestra Sinfônica Municipal, seguida de um número do Balé da Cidade, marcou o início do projeto "Municipal na Cidade", lançado nesta terça-feira, 30, pelo prefeito Fernando Haddad (PT).

O projeto pretende levar até o final do ano mais de 130 atrações do Theatro Municipal para locais públicos de São Paulo. Os palcos serão em cinco terminais de ônibus, sete Centros Educacionais Unificados (CEUs), além de igrejas, centros culturais e até cemitérios. Também estão previstas apresentações no próprio Theatro para motoristas, cobradores e professores. 

"É muito legal, chama a atenção das pessoas para um trabalho bonito", comentou o auxiliar de manutenção João Nascimento, de 43 anos, que até estava com pressa para pegar um ônibus para Cangaíba, na zona leste, mas resolveu parar para filmar a apresentação de balé. "Antes eu só tinha visto uma dança assim pelo celular."

Outro que parou para assistir foi o gráfico Joel Lira, de 56 anos. "Se São Paulo fosse assim todo dia, seria linda. Deveria ter apresentações em mais lugares", disse. Para a bailarina Fernanda Bueno, do Balé da Cidade, a apresentação pública tem uma "vivacidade maior". "No palco, o público está do outro lado. Aqui, a gente consegue sentir e dançar junto com as pessoas."

Mas nem todos eram só atenção. A operador de telemarketing Fernanda Santos, de 29 anos, mesmo, ficou na ponta do pé, deu uma espiadinha rápida e depois saiu. "É que eu não conheço muito. Hoje estou com pressa, mas é bacana", afirmou.Nas palavras do prefeito Fernando Haddad, o projeto serve para "democratizar o acesso à cultura erudita". "As vezes a pessoa fala que não gosta de música clássica, mas não ouviu - não teve oportunidade." "Você leva um coral, leva um balé, leva um quarteto de cordas... As pessoas se transformam com a música, os comportamentos se adequam a uma nova realidade. Tudo melhora." Confira a programação completa aqui. 

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