PUBLICIDADE

Prefeitura de São Paulo muda gestão da merenda

Escolas de Pirituba testam fórmula na qual o Município compra a comida e terceiriza a mão de obra

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo vai adotar um novo modelo para a merenda escolar, três anos depois de o Ministério Público Estadual (MPE) iniciar investigação sobre suposta quadrilha formada por empresas do setor. Pressionada pelo risco de ser processada por uso indevido do dinheiro público, a gestão Gilberto Kassab (sem partido) já está adotando a "merenda mista", com refeições produzidas com alimentos comprados pelo Município e preparados por funcionários terceirizados.

 

PUBLICIDADE

O teste está sendo feito há dois meses em 140 escolas da rede municipal na região de Pirituba, zona norte, onde há 75.300 crianças matriculadas. A administração municipal planeja lançar licitação no mês que vem.

 

A expectativa é de que a merenda mista seja mais econômica e, consequentemente, menos atrativa às empresas investigadas por pagamento de propina a servidores públicos e formação de cartel. Isso porque o lucro das contratadas será resultado só da oferta da mão de obra e não mais da aquisição da comida. Hoje, ambos os serviços são comandados por terceiros em 42% das escolas e em 18% das creches.

 

A Secretaria Municipal da Educação, responsável pela gestão da merenda, afirma que conseguiu economizar R$ 40 milhões no ano passado somente com o aumento da fiscalização e a troca do modelo de pregão, que tem agora dois preços de referência. Com o novo modelo, o secretário Alexandre Schneider afirmou que espera reduzir mais os custos, mas não informou quanto. Hoje, na média, cada refeição sai por R$ 1,46.

 

Desenvolvida em parceria com a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social, a merenda mista limita as empresas a contratar funcionários e equipar as cozinhas, fornecendo itens como fogão e geladeira. A Prefeitura assume a função de comprar alimentos para toda a rede.

A novidade não altera o cardápio oferecido às crianças e adolescentes matriculados em creches, pré-escolas e escolas de ensino fundamental do município. Por dia, são servidas 1,8 milhão de refeições.

 

Testes

Publicidade

 

Segundo o promotor de Justiça Silvio Marques, responsável pelas investigações, a mudança faz com que os valores dos contratos diminuam. "Além disso, espera-se que um número maior de empresas entre na disputa, aumentando a competitividade", afirma. Marques vai monitorar os testes para checar se o modelo funciona e se ainda permite fraudes.

 

Nas escolas, a nova forma de preparo da merenda tem sido bem aceita, segundo a Secretaria da Educação. Na Pré-escola Parada de Taipas II, a coordenadora pedagógica Carmem Lucia Aparecida Braga dos Santos diz que as crianças pedem para repetir. Ela ressalta que a qualidade dos produtos perecíveis está melhor agora, após a Prefeitura assumir a compra. "Recebemos tudo fresquinho." Por dia, são oferecidas cinco refeições na rede: café da manhã, suco, almoço, lanche da tarde e jantar.

O Conselho da Alimentação Escolas (CAE) considera equivocada a política municipal de contratar funcionários terceirizados para comandar as cozinhas das escolas. Segundo representantes do órgão, não basta servir as refeições, mas oferecer educação alimentar.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.