
15 de abril de 2012 | 03h02
A Praia da Baleia, na região sul de São Sebastião, poderá virar uma Unidade de Conservação Ambiental. A proposta foi apresentada na quinta-feira, durante audiência pública de discussão do Plano Diretor municipal, que terá vigência até 2031. A criação da área está prevista para o próximo ano.
A Baleia tem uma das maiores áreas de Mata Atlântica do litoral norte paulista. Até 15 anos atrás, abrigava o principal lixão da cidade. Hoje, tem o metro quadrado mais caro do litoral. O processo de favelização é quase inexistente na Baleia e suas ruas de terra têm casas de alto padrão. A balneabilidade de suas águas é considerada excelente.
A proposta de criação da unidade foi protocolada pelo Movimento Litoral Norte. A iniciativa tem o aval do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e também foi acolhida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. De acordo com o movimento, a proposta foi motivada pela ausência de áreas de manguezais, brejos de restinga e florestas paludosas (vegetação nativa típica) protegidas.
"O remanescente da Mata Atlântica torna-se cada vez mais escasso. Atualmente, surgiu uma conscientização pela preservação ambiental", disse Maria Fernanda Carbonelli Muniz, representante do movimento.
A entidade fez estudos e elaborou um laudo sobre as diversas espécies de vegetação. De acordo com Maria Fernanda, a especulação imobiliária ameaça as espécies da flora.
Foram identificadas também 84 espécies de aves - 14 endêmicas, aquelas que somente vivem na Mata Atlântica. Sete delas têm algum grau de ameaça. Das 12 espécies de mamíferos catalogadas, cinco também correm algum risco.
Proibição. Segundo Maria Fernanda, com a criação da Unidade de Conservação da Praia da Baleia, as construções no local serão proibidas. "Com a unidade, vamos assegurar que essas formações florestais continuem exercendo suas funções ambientais para o equilíbrio da fauna aquática e, consequentemente, para a manutenção da pesca litorânea e oceânica, contribuindo para a sobrevivência dos caiçaras", disse Maria Fernanda.
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