Postos de saúde perdem seguranças

Com fim de contrato, serviço não foi renovado em 150 unidades da zona leste da cidade; para médicos, medida afeta atendimento

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Por Adriana Ferraz e Diego Zanchetta
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo substituiu o serviço de vigilância desarmada por monitoramento de câmeras e alarmes em cerca de 150 unidades de saúde da zona leste da capital. Desde segunda-feira, os postos têm apenas sistemas eletrônicos - ao preço total de R$ 629 mil por mês. A medida administrativa foi tomada após o fim do contrato de prestação de serviço e, segundo a gestão Gilberto Kassab (PSD), não prejudica o atendimento.Médicos e funcionários ouvidos pela reportagem, porém, afirmam que a troca coloca tanto profissionais quanto pacientes em risco. A preocupação é maior entre os funcionários dos Centros de Apoio Psicossocial para Usuários de Álcool e Drogas (Caps-AD), que atendem pessoas alteradas, às vezes em surto psicótico ou com quadro de abstinência."Os vigias não serviam apenas para coibir assaltos. Quando necessário, eles ajudavam no transporte dos pacientes e davam orientações", diz Manoel Lopes da Silva, integrante do Conselho Gestor do Caps de São Mateus. Agora, segundo ele, algum funcionário da unidade terá de assumir essas funções.Confusões. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) localizadas na periferia, enfermeiros e médicos relatam que os seguranças ajudavam a apartar brigas e a conter confusões que ocorrem diariamente em salas de espera e balcões de atendimento."Ontem (quarta-feira), dois pacientes trocaram socos no meio do saguão, porque um achou que o outro furou a vez dele. E ninguém sabia o que fazer. Ligamos para a Guarda Civil Metropolitana e uma viatura chegou só depois de uma hora", contou à reportagem uma médica da UBS do Jardim Colorado, no extremo leste da capital, que pediu para não ser identificada.Em prédios com consultórios de UBS e Atendimento Médico Ambulatorial (AMA), ainda há vigias. São 32 endereços, onde o funcionário pago pela organização social responsável pela administração do AMA passou a cuidar também, mesmo que extraoficialmente, da UBS.Atualmente responsável pela segurança dos postos de saúde da zona leste, a Vanguarda Segurança e Vigilância não detalhou como é realizado o monitoramento nos prédios nem que tipo de alarme instalou nas unidades sem vigias. Procurada pela reportagem, a direção da empresa não foi encontrada.

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