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Portão e muro da creche de Gabriel são alvo de pichadores

A polícia deve receber nesta quarta-feira a ficha médica do bebê feita na escola

Por Andressa Zanandrea e José Dacauaziliquá
Atualização:

O muro e o portão do Centro Educacional Infantil Pedacinho da Lua, onde o menino Gabriel Ribeira, de 7 meses, morreu de parada cardiorrespiratória na última sexta-feira, foram alvos de pichadores na madrugada desta quarta-feira, 30. Eles estiveram no local, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, para protestar contra a morte do bebê. Lá, deixaram os seguintes dizeres, escritos de maneira incorreta: "Diretora incopetente. Paz Gabriel". A polícia deve receber nesta quarta a agenda e a ficha de saúde do bebê. O advogado da proprietária da escola, Roberto Rinaldi, diz que não há nenhum registro ou menção quanto ao problema de refluxo ou qualquer tipo de doença do bebê. Os pais do menino acusam a escolinha de negligência. Eles prestaram depoimento na terça-feira pela manhã, no 90º DP, no Parque Novo Mundo, onde o caso é investigado. "O Gabriel tinha problema de refluxo e isso foi avisado a uma funcionária. Inclusive a gente mandava roupas a mais caso ele regurgitasse, porque a gente não queria ver nosso filho molhado a todo instante", afirmou o pai da criança, Júlio César Ribeira - em frente à delegacia. No dia em que morreu, o menino ficou por três horas no berçário da escola. Ele chegou às 11 horas com a mãe, com uma papinha de legumes na lancheira. Às 14h10, Ribeira foi pegar Gabriel, mas encontrou o filho no berço sem respiração e arroxeado. O bebê foi levado ao Hospital Nipo Brasileiro e os plantonistas acharam restos de alimentos na garganta dele - o que caracteriza um engasgo ou então a hipótese de ele ter tido uma morte súbita, acompanhada de parada cardíaca. O Ministério Público também vai acompanhar as investigações sobre o caso. O laudo pericial fica pronto em um mês. A proprietária da escolinha, Suzana Aparecida de Sarro Leão, afirma que na "Ficha de Saúde do Aluno", preenchida e assinada no dia 5 de maio de 2008 pela mãe de Gabriel, constam perguntas referentes à saúde, desenvolvimento emocional, hábitos alimentares e sociais do aluno. "Não constam registros de doenças preexistentes, receita de medicamentos ou cuidados especiais com a criança nos campos determinados na ficha. O que prova que a escola não sabia do problema da criança. Há outras crianças matriculadas que têm refluxo e recebem outro tratamento", diz Rinaldi. O advogado diz que cada aluno tem uma agenda particular, na qual constam recomendações e observações sobre a rotina da criança na escola deixadas pelos funcionários aos pais e vice-versa. Na de Gabriel, segundo Rinaldi, não há relato sobre "cuidados especiais". A escola voltou a funcionar normalmente na terça, após ficar fechada por luto na segunda-feira. Nesta quarta, tambémn prestam depoimento a proprietária e funcionários. Na quinta, serão ouvidos dois médicos que atenderam o menino no hospital e o coordenador que estava de plantão. Cuidado com bebês O pediatra Tulio Kosntantyner ressalta a importância de os pais terem boa conversa com educadores sobre a saúde das crianças. Ele diz que os pais devem se orientar sobre as condições mínimas de funcionamento para visitar a creche de seus filhos. Leia algumas dicas do Manual CrechEficiente, Editora Manole, elaborado pela equipe da Unifesp. ÁREA FÍSICA - O espaço físico da creche deve obedecer a legislação, de acordo com o número e a faixa etária das crianças e dispor de elementos básicos; água potável encanada; reservatório de água; prédios com estrutura e entrepiso de material incombustível (concreto por exemplo). O BERÇÁRIO - Pode acomodar em um mesmo recinto no máximo 15 crianças; faixa etária deve ser estabelecida; berço deve ser individual; a distância entre os berços deve ser de 50 cm; a distância mínima entre os berços e as paredes deve ser de 50 cm; brinquedos grandes não devem ser deixados no berço pois podem ser utilizados como degraus. SALA DE ATIVIDADES - Deve ser usada em atividades pedagógicas, recreativas e de repouso; o ambiente deve ser iluminado, arejado e com tamanho adequado para comportar as crianças; a sala de recreação não deve servir de área de circulação; os colchonetes devem ser individualizados para o repouso, com afastamento de no mínimo 50 cm. MATERIAL PEDAGÓGICO - As salas de atividades devem ser equipadas com o material necessário que estimule o desenvolvimento das crianças, de acordo com a fase evolutiva; o material deve ser adequado à idade, garantir a higiene, ser simples, sem arestas agressivas e ter resistência. SOLÁRIO - A área deve ser capaz de atender, de uma única vez, a 30% das crianças que ocupam o berçário. Para isso considera-se o revezamento das crianças; a localização deve ser anexa ao berçário; pode situar-se em varanda aberta ou gramado (para onde devem ser transportados os berços ou podem ser utilizados colchões nos pisos e lonas impermeáveis sobre os gramados REFEITÓRIO - Recomenda-se uma área específica com comunicação direta com a cozinha; mesas e cadeiras devem ser adequadas à idade das crianças . Ambas devem ser limpas com água e sabão após cada refeição; lavatório infantil coletivo com sabonete líquido e papel toalha; água filtrada com fácil acesso. ÁREA DE LAZER - área aberta para perfeita movimentação das crianças; a vegetação deve ser bem cuidada . As plantas não podem dar sementes ou espinhos e nem folhas, flores e frutos venenosos. PÁTIO - Pode acumular a função de solário desde que sejam respeitadas as proporções mínimas referentes à área física para cada uma destas funções; os brinquedos devem estar em boas condições de uso. Atenção para pregos ou parafusos soltos e presença de farpas e ferrugem; o solo dos brinquedos deve ser do tipo que amortece possível queda da criança. SALA DE BANHO E TROCA - A bancada deve ter no mínimo 60 cm de profundidade com sobreposição de colchonetes revestidos de materiais lisos, impermeáveis e de fácil limpeza; as instalações de banheiras, trocadores e boxes precisam conciliar a segurança, conforto e autonomia das crianças e educadores; deve haver água corrente quente e fria no lavatório e recipiente revestido com saco plástico para descartar as fraldas sujas; deve-se dar preferência às fraldas descartávei s. A lavagem de fraldas em instituições coletivas acarreta risco de transmissão de doenças SANITÁRIO INFANTIL - Deve haver cabides individuais para toalhas e roupas e tapetes antiderrapante no box do chuveiro. COZINHA - Deve oferecer dieta balanceada,variada e adequada para a idade; deve ser mantida em condições satisfatórias de higiene e não pode servir como área de circulação.

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