Poluição no Ibirapuera aumenta com a chegada da primavera

Praticar exercícios em dias quentes e de sol se torna arriscado das 12 às 16 horas

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Por Jones Rossi e do Jornal da Tarde
Atualização:

A poluição ataca em um dos lugares mais insuspeitos de São Paulo. Com a chegada da primavera, o Parque Ibirapuera se torna um dos locais onde há maior concentração de ozônio na capital, segundo medições da Cetesb. Essencial para nos proteger dos raios solares, em baixas altitudes, o ozônio é tóxico ao ser humano e pode causar dor nos olhos, nariz e garganta, além de agravar a situação de quem tem doenças respiratórias. Se forma longe das ruas e avenidas, principalmente na primavera e no verão, graças a reações químicas entre "restos" da combustão dos carros e à luz solar. Por isso, praticar exercícios físicos em dias ensolarados e quentes, entre o meio-dia e às 16 horas, no Parque Ibirapuera, é um risco à saúde. "Não sabia disso", confessa João Paulo Coutinho Dias, de 19 anos, que freqüenta o parque duas vezes por semana para jogar basquete com os amigos, sempre no período da tarde. "Mas não dá para mudar. A galera não vem mais cedo", conforma-se. Rita Silveira, de 35 anos, personal trainer, corria às 15 horas no parque, mas afirma que é uma exceção. "Gosto de treinar pela manhã ou então no final do dia. Quando tenho de treinar à tarde, dá para sentir o cansaço, que é muito maior." Na boca da chaminé A mesma sorte - de escolher o horário que quiser - não tem quem mora à beira da Avenida dos Bandeirantes ou do Minhocão, considerados "pontos negros" pelo médico Paulo Saldiva, pesquisador do laboratório de poluição da USP. "É como se morassem à beira de uma chaminé de fábrica", diz. O último relatório da Cetesb confirma: o Centro de São Paulo concentra os maiores índices de fumaça por m³, enquanto as estações de Congonhas e Pinheiros - situadas ao lado da Avenida Bandeirantes e da Marginal Pinheiros, respectivamente - registram as maiores concentrações de monóxido de carbono (CO). Emitido diretamente pelos escapamentos dos carros (97% das emissões vêm dos veículos), o monóxido de carbono se concentra nas ruas de maior fluxo de carro. "A situação é melhor em vias que fluem, possuem uma velocidade média maior, ficam em lugares mais altos ou têm um rio perto. Tudo isso ajuda a dispersar os poluentes", explica Maria Helena Martins, gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb. Ruas situadas em vales ou cânions - como os técnicos chamam as vias cercadas por prédios - são lugares pouco recomendados para qualquer atividade física, principalmente em dias quentes e secos. "Quer lugar pior para dispersar poluentes que a Avenida Sumaré?", questiona Saldiva. Quem mora na Avenida Bandeirantes talvez possa ficar com o título indesejável. "É terrível viver aqui", reclama Débora Campos, 38 anos, que mora no local há cinco anos. "Quando a gente veio morar aqui, meu marido passou a ter rinite e sinusite, tive que levá-lo várias vezes ao médico. Mas a gente está para mudar daqui." A mesma solução foi encontrada pelo casal Murilo Domingues Martins, de 51 anos, e Sandra Khoury, de 57 anos, que colocaram sua casa, situada em uma rua paralela à Bandeirantes, à venda. "Vamos para a praia." Sandra cansou de "limpar a casa de manhã e ver tudo sujo à tarde". E ainda há os problemas de saúde. Enquanto a reportagem do Jornal da Tarde entrevistava Sandra, seu filho chegou do hospital. Há uma semana tinha febre por causa de um ataque de rinite. Os riscos e como preveni-los: Ozônio Riscos à saúde: além de causar dor nos olhos e na garganta, pode agravar problemas respiratórios já existentes, como asma. Prevenção: sua incidência na Capital se dá principalmente na primavera e verão, em parques como o Ibirapuera, entre o meio-dia e 16h. Evite exercícios físicos neste horário nestes locais. Monóxido de Carbono Riscos à saúde: desde dores de cabeça às dificuldades para respirar. Em altas quantidades, pode levar à morte. Prevenção: não praticar exercícios em locais perto de ruas e avenidas de tráfego intenso.

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