Política, balada e beijos na Parada

O voto ‘contra a homofobia’ se misturou aos grupos que beijavam todos na 14ª edição

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Por Redação
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Luta pelos direitos. Em ano de eleição, a organização da 14ª Parada do Orgulho GLBT pede voto 'contra homofobia': maioria dos jovens deixa o discurso de lado para aproveitar e se divertir

 

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SÃO PAULO - A 14ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que ocorreu neste domingo, 6, entre 10 e 20 horas, teve intenções políticas. Com o tema "Vote contra a homofobia", a manifestação - com público estimado em 3 milhões de pessoas - repudiava senadores, vereadores e candidatos que são contra gays. Porém, no fim, a maioria que estava lá foi mais para badalar, beijar, ver e ser visto. E a política acabou em segundo plano.

 

"Este é o nosso Natal, um momento de visibilidade, em que discutimos questões vigentes, e de festa", afirma Franco Reinaudo, coordenador-geral da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da Prefeitura. "Neste ano, mostramos que devemos votar em quem tem um posicionamento à favor do movimento. Há muitos políticos evangélicos que são contra gays."

 

A mensagem cativou alguns, como o arquiteto Adriano Bombonatti, de 39 anos. Seu namorado destacou outro fim da Parada. "Aqui é onde todo mundo pode ser o que é", opina o assistente comercial Fernando Menezes, de 31 anos. "Não é fácil achar um lugar onde podemos nos soltar. Principalmente para quem vem de fora de São Paulo."

 

 

Beijaço. A maioria dos que estavam por lá tinham esse objetivo mesmo: se jogar, dançar. E beijar muito. Havia até quem dava bitocas só para chamar atenção, aparecer em fotos - e não estava nem aí para as pretensões políticas do evento.

 

Muitos (na maioria, jovens) se divertiam beijando "gente de todos os sexos" com o pretexto de fazer uma foto para recordação. E escolhiam, para aparecer, os que consideravam mais chamativos ou atraentes.

 

"Beijei os ‘boy’, as ‘mina’, as drag e até os ‘traveco’", conta a atendente de telemarketing Larissa de Cássia dos Santos, de 22 anos. Ela foi com um grupo de amigos de Santana, na zona norte, onde mora. Todos riem demais depois de beber "muita chapinha" (vinho barato).

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Larissa mostra as fotos que fez, no visor da câmera, uma com a drag Teila Thompsom, "com h", que vestia uma roupa de "cristais" roxos e amarelos.

 

"Todo mundo gosta de fazer foto comigo, mas agora apareceram essas ‘descabeçadas’ pedindo pra beijar. Deus me livre, ainda se fosse ‘um bofe maravilhoso’", diz Teila, que é bancária e acabou beijando Larissa e os amigos dela "só pra me deixarem em paz".

 

Um pouco acima, na Rua da Consolação, outro grupo se embola no chão às gargalhadas, enquanto tiram fotos de si mesmos em uma espécie de "beijo múltiplo". O estudante Cleber Matias, de 19 anos, se fotografa beijando todos os amigos e amigas do grupo, que inclui lésbicas, gays e heterossexuais.

 

A atendente Sabrina Oliveira, de 18 anos, conta em tom de façanha que beijou "até um bombeiro". No "portifólio" da balconista Cinthia Batista, de 18, ela aparece beijando "freiras", "marinheiros" e "motoqueiras". Naquele momento, ela não sabe dizer sua orientação sexual. "O que é isso, tio?"

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