Politécnica: há 120 anos ajudando no desenvolvimento de São Paulo e do Brasil

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Por JOSÉ ROBERTO CASTILHO PIQUEIRA
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Quando a Universidade de São Paulo foi fundada, em 1934, a Escola Politécnica, a ela integrada, já completara 40 anos de importantes serviços a São Paulo e ao País. Criada em 1893 por lei estadual, resultado de ação do Partido Republicano, ela visava ao desenvolvimento industrial e tecnológico, premente na época, a ser impulsionado pela formação científica e tecnológica dos jovens. Fundador e primeiro diretor da Poli, Antonio Francisco de Paula Souza se inspirou nas escolas germânicas Technische Hochschule, que combinavam conhecimento matemático e científico com tecnologia e inovação, para concebê-la. Nessa época, um grupo de líderes empreendedores iniciou um processo de renovação de São Paulo, que incluiu de reformas urbanas a um intenso trabalho para adequar Estado e capital ao novo modelo de sociedade industrial que ganhava corpo no mundo. Engenheiros politécnicos tiveram papel decisivo na construção de grandes edifícios, ferrovias, hidrelétricas e reservatórios de água para abastecimento da população e na concepção de projetos arrojados, como a inversão do curso do Rio Pinheiros para prover energia ao novo parque industrial. São marcas desses 40 anos realizações como o saneamento básico da cidade de Santos, a primeira estação de tratamento de água de São Paulo, a realização de ensaios metalográficos, a construção de edifícios de concreto armado na capital e a fundação da Companhia Paulista de Força e Luz, todas com participação ativa de professores e egressos. Destaca-se ainda a obra de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, professor e diretor da Poli, para o desenvolvimento da arquitetura e da construção civil: a Pinacoteca do Estado, o Teatro Municipal, o Mercado Municipal, o Palácio das Indústrias, a Escola Normal Caetano de Campos, o Colégio Sion e a Casa das Rosas. Entre 1933 e 1934, Theodoro Augusto Ramos, professor da Poli, participou da Comissão Organizadora para criação da USP, que foi fundada em 25 de janeiro de 1934 pelo então interventor federal no Estado, Armando de Sales Oliveira - politécnico articulador da Revolução de 1932, cuja presença foi uma solução de conciliação entre o governo e as lideranças paulistas. Ramos recebeu a incumbência de ir à Europa contratar bons professores para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), que funcionaria multidisciplinarmente, oferecendo a alunos de todas as unidades da USP a possibilidade de cursar disciplinas específicas, como Matemática, Física e Química. A incorporação da Poli à USP trouxe grande benefício ao ensino da Engenharia, dinamizando-o com o estudo de ciências e aulas de professores estrangeiros de alta qualificação. Nessa nova fase, destacam-se realizações na tecnologia, na indústria e no estabelecimento de políticas públicas: a fundação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a elaboração das primeiras normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a criação de cursos técnicos, o primeiro carro movido a etanol, processos de tratamento de materiais e construção de vagões ferroviários. Em 1953, a Escola Politécnica criou o curso de Engenharia Naval em parceria com a Marinha do Brasil. Em 1959, no curso de Construção Naval da Poli, foi feito o projeto do navio Professor Besnard, a pedido do Instituto Oceanográfico da USP. A relação entre a Poli e a Marinha é muito forte até hoje e trouxe resultados significativos para as duas partes. Os progressos dos laboratórios da Escola Politécnica se tornaram cada vez mais notáveis. Tecnologias para uso da água, o primeiro computador brasileiro, o primeiro chip, desenvolvimento de centrais telefônicas digitais, os primeiros motores a álcool, o Metrô de São Paulo, a barragem de Itaipu e tantos outros trabalhos colocaram a Poli-USP na liderança da produção de conhecimento em Engenharia. Com professores e pesquisadores dedicados ao ensino do que há de mais inovador e funcionários aplicados, a cada ano a Poli entrega à sociedade egressos de graduação, mestrado e doutorado que contribuem decisivamente para uma vida melhor no planeta. JOSÉ ROBERTO CASTILHO PIQUEIRA É DIRETOR DA ESCOLA POLITÉCNICA

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