
28 de novembro de 2017 | 14h28
Atualizado 28 de novembro de 2017 | 21h58
SÃO PAULO - O policial civil aposentado José Camilo Leonel, de 52 anos, e a estudante de Direito Iolanda Delce dos Santos, de 30 anos, foram condenados a indenizar em R$ 100 mil o comerciante iraniano Navid Saysan, de 58 anos. Em janeiro de 2016, o policial agrediu o comerciante por ter se recusado a aceitar a devolução de um tapete de R$ 5 mil comprado por Iolanda em sua loja, na região dos Jardins, zona oeste de São Paulo.
A decisão foi do juiz Gustavo Henrique Bretas Marzagão, da 35ª Vara Cível da Capital. "O valor é o de menos, o que importa é a condenação do indivíduo pelo ato que cometeu", disse Navid ao Estado.
No texto, o juiz ressalta a participação tanto de Iolanda quanto de Leonel nas agressões. "Como se viu, a atuação do corréu não se limitou à de quem apenas agiu fora de suas atribuições. José Camilo se prestou a participar dos fatos como policial 'particular' da corré para, valendo-se indevidamente do poder do Estado que não lhe pertence, intimidar, constranger, ameaçar e aterrorizar", diz a decisão.
Na esfera criminal, Leonel chegou a ser preso e condenado a 11 anos de detenção em 2016, mas obteve habeas corpus do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) no dia 14 de novembro. Logo após a agressão, ele obteve aposentadoria, que, em outubro, foi de R$ 6 mil em outubro, com valor líquido de R$ 3,8 mil, segundo o Portal da Transparência do Governo de São Paulo. Iolanda também foi condenada, a seis anos e seis meses de pena, mas, segundo a defesa, não chegou a ser presa.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo informou, em nota, que o processo administrativo disciplinar foi concluído pela Corregedoria da Polícia Civil e que "está em fase final de instrução pela pasta".
Procurada pelo Estado, a advogada de Iolanda disse que irá recorrer da decisão. Já os advogados de Leonel, tanto na esfera cível quanto criminal, preferiram não comentar o assunto.
Histórico
O crime ocorreu no dia 21 de janeiro de 2016, quando Iolanda entrou na loja Tabriz Tapetes solicitando a devolução do dinheiro. Após ouvir de Navid que a única opção seria receber um vale-compras do estabelecimento, ela ameaçou chamar a polícia e saiu da loja. Logo após, Leonel entrou no local, fez ameaças e agrediu o comerciante com chutes e socos, além de lhe ter apontado uma arma de fogo. Toda a ação foi registrada por câmeras de vigilância do local e por uma testemunha.
Em seguida, o policial levou o comerciante à força para fora da loja e acionou o Grupo de Operações Especiais (GOE), grupo de elite da Polícia Civil, que chegou em seguida para dar apoio ao investigador.
Na época, o policial trabalhava como investigador na Corregedoria da Polícia, em um cargo pelo qual era responsável por fiscalizar e averiguar crimes praticados por integrantes da corporação. No dia do crime, ele havia se encontrado com Iolanda em um restaurante da região.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.