Policial disputou Olimpíada de Seul

Major assassinado competiu em 1988 no pentatlo e fez cursos na Swat e em Israel

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Por Redação
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O major Sandro Moretti Silva Andrade era um especialista no gerenciamento de crises. Em seu currículo, constam cursos em Israel e nos Estados Unidos para lidar com situações envolvendo reféns e com uma equipe da Swat, o grupo tático da polícia americana. Era ainda um atleta. Disputou, na Olimpíada de Seul, em 1988, o pentatlo, modalidade na qual o competidor faz provas de tiro, esgrima, equitação, natação e corrida. Ele foi campeão brasileiro e sul-americano. Foi sua formação como gerenciador de crises que o levou na noite de anteontem à Estrada do M'Boi Mirim, onde o bandido mantinha reféns. Tudo foi filmado pela TV Globo.As imagens mostram Andrade na linha de frente, na posição do negociador da crise. Foi por isso que ele virou alvo, quando o assaltante Osmar José Soares deixou o depósito de material de construção, usando três reféns como escudo. A filmagem registrou o momento em que o major caiu baleado. Ao lado dele, o soldado César Aurélio Cavalcanti, que o ajudava na negociação, também foi ferido - o filme exibe ainda o ladrão sendo morto com oito tiros, dois disparados quando ele estava no chão.Trajetória. O major será enterrado hoje em Nova Granada, sua cidade natal, no interior do Estado. Há 26 anos na Polícia Militar, começou a carreira como bombeiro. Em 2008, promovido a major, foi transferido para a capital."Moretti tinha formação sobre o que era aquela ocorrência. Nós estávamos a caminho para dar apoio, mas não deu tempo", disse o comandante do Policiamento de Choque, coronel Cesar Morelli. De acordo com o comando da PM, a "coragem demonstrada da ação - intensificada pelo fato de o policial estar sem colete à prova de balas - torna Andrade mais um herói na Polícia Militar". Mas o excesso de confiança também pode tê-lo colocado em perigo. Segundo o major Marcel Sofner, porta-voz da corporação, Andrade entregou um outro colete a um cinegrafista da TV Bandeirantes porque não pensava nele, mas na proteção dos outros. A PM informou que tem coletes à disposição dos policiais. A proteção faz parte dos equipamentos pessoais e é obrigatória.A TV Bandeirantes informou que seu cinegrafista - que recebeu o colete do major - não portava colete próprio porque estava designado para cobrir o trânsito na região quando a equipe foi convocada pela polícia, por exigência do assaltante que mantinha reféns. A emissora disse que seus profissionais usam o equipamento em situações de risco.Filhos. Andrade deixa três filhos - a caçula, uma menina, tem 2 anos. Apesar de trabalhar em São Paulo, morava com a família em Novo Horizonte. Durante a semana, dormia no quartel em Santo Amaro. Andrade realizaria um sonho em 2012: abraçar o primeiro filho, com 18 anos, que mora com a mãe em Abu Dabi desde bebê. Pai e filho só se viram há alguns meses, pela internet. / ADRIANA FERRAZ, FELIPE FRAZÃO e JAIR ACEITUNO, ESPECIAL PARA O ESTADO

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