A Justiça decretou a prisão preventiva de um policial militar, dois informantes do Denarc e do carcereiro Edilson Aparecido Queiroz, acusados de extorsão. Na semana passada, os dois informantes do Denarc foram presos em flagrante durante uma operação do Ministério Público Estadual e da Corregedoria da Polícia Civil.
Os policiais são acusados de montar um esquema para achacar comerciantes do ramo de suplementos alimentares em Santos, no litoral paulista, e em cidades no interior. Para não ser descoberto, o grupo
teria adotado uma estratégia inusitada: terceirizou o recolhimento da propina. Os quatro policiais e dois informantes, foram indiciados por extorsão de dinheiro e formação de quadrilha.
O delegado Paulo Fleury, que até o mês passado comandava a 2ª Delegacia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) do Denarc, também é investigado. No carro usado pelos informantes Anderson Marques e Antonio Carlos Couto, foi encontrada uma pasta com o distintivo da Polícia Civil contendo duas ordens de serviço supostamente assinadas pelo delegado, além de endereços de lojas de suplementos alimentares em Santos e Campinas.
"O que dois informantes faziam com documentos internos da polícia?", questionou o promotor Cássio Roberto Conserino, do núcleo de Santos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). No ano passado, Fleury foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão por desviar produtos falsificados da Delegacia de Repressão à Pirataria do Departamento de Investigações sobre o Crime
Organizado (Deic).
Pré-datado
O acerto entre os policiais e a vítima chamou a atenção do promotor e de delegados da Corregedoria pela ousadia. Metade da propina seria paga em dinheiro e o restante, com um cheque pré-datado. "O negócio deles (policiais) era extorquir (dinheiro), não importava como", anotou Conserino.
Em depoimento, o informante Anderson Marques confirmou o esquema. Disse que agia a mando dos policiais e que participou de ações parecidas em Sorocaba, Campinas e Taubaté. A tática era sempre a mesma: depois de procurar endereços de lojas de suplementos alimentares na internet, os informantes
encomendavam produtos cuja venda é proibida. Depois que os comerciantes caiam na armadilha, os policiais passavam a achacá-los. Vítimas e testemunhas já reconheceram por fotografia o PM e o carcereiro Queiroz.