Polícia suspeita que ‘Monstro da Alba’ matou 6 em São Paulo

Foram achados crânios, roupas de criança e pele humana na casa do pintor, no Jabaquara, zona sul da capital

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Por Rafael Italiani
Atualização:

O pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, apontado como “serial killer” pela polícia, é suspeito de ter assassinado pelo menos seis pessoas dentro de uma casa em um beco da Favela Alba, no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Nesta segunda-feira, 28, peritos e investigadores encontraram dois corpos de mulheres em decomposição, dois crânios, dezenas de ossos, roupas de criança e pele humana.

Polícia investiga hipótese de assassinatos terem sido cometidos a pedido de traficantes Foto: MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS

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A presença de roupas infantis no lugar fez a polícia desconfiar de que entre as vítimas de Oliveira estaria uma criança. Algumas das vítimas só devem ser identificadas por meio de DNA.

Também foi apreendido um fogão ensanguentado, mas não há indícios, segundo a polícia, de canibalismo. A Polícia Civil apura se Oliveira está envolvido no desaparecimento de pelo menos outras cinco pessoas na região. Os boletins de ocorrência foram registrados no 35.º Distrito Policial (Jabaquara). 

O Corpo de Bombeiros foi chamado para quebrar o sobrepiso da residência onde ele morava e do cortiço para onde ele levava as vítimas. De acordo com a polícia, as pessoas que podem ter sido assassinadas pelo pintor eram usuárias de drogas atraídas pelo suspeito. A única vítima que foge do perfil é uma vendedora de livros, desaparecida desde o início de junho. Ela teria batido na porta para vender os produtos, foi levada para dentro e teria sido assassinada. 

O pintor já tinha antecedentes criminais e chegou a ficar preso durante 20 anos por duas condenações por homicídio. Segundo moradores da região, Oliveira aparentava ser uma pessoa “normal e tranquila”.

Segundo uma doméstica de 52 anos, o irmão de Oliveira vendia produtos de limpeza de porta em porta nas ruas do Jabaquara. Quando ele não fazia as entregas, a população ia até a casa dele para comprar os produtos e sempre via o pintor. “Ele cumprimentava a gente. Dava bom dia, boa tarde.”

Cheiro. Uma desempregada de 19 anos disse que entrou na casa para fotografar o cenário. “Quando você entra na casa, vê um monte de buraco, que era onde ele jogava as vítimas. Era um cheiro forte de fossa, esgoto. Mas era cheiro de morte.” Para os vizinhos, Oliveira é o “Monstro da Alba”. “Ele é um monstro”, repetia a aposentada Ednéia Gonçalves, de 64 anos, às crianças que rodeavam ontem a casa do acusado. 

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A família do acusado teve de fugir do local por ameaça de represália dos moradores. Vizinhos do pintor acreditam que os parentes dele encobriam os crimes. “Não é possível que eles não soubessem de nada. Eles têm participação, sim”, disse um adolescente de 16 anos, que afirmou querer matar o pintor. 

A família do pintor esteve no 35.º DP à tarde, mas não deu entrevista. Conhecidos e parentes de desaparecidos também foram à delegacia em busca de informações sobre a identificação dos mortos. Às 19 horas, bombeiros e policiais ainda faziam buscas na casa. Em nota, a polícia informou que o acusado teve a prisão temporária decretada por dez dias e, depois, pedirá sua prisão preventiva.

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