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Polícia recupera obras roubadas do Masp em dezembro

O furto, praticado por três bandidos, foi feito sob encomenda; polícia já prendeu dois e está atrás do 'mentor'

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Por Redação
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A Secretaria da Segurança Pública anunciou nesta terça-feira, 8, que recuperou as duas telas milionárias furtadas do Masp, em São Paulo, no dia 20 de dezembro. Segundo dados preliminares da secretaria, dois homens foram detidos. A operação que levou à recuperação dos quadros O Retrato de Suzanne Bloch, de Picasso, e O Lavrador de Café, de Portinari, foi capitaneada pelo Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). As telas foram encontradas intactas, em Ferraz de Vasconcelos, cidade localizada na zonaleste da região metropolitana de São Paulo.     O furto, praticado por três bandidos, foi feito sob encomenda. Eles receberiam R$ 5 milhões ao todo pelo "serviço". A polícia está agora atrás do mentor do crime, que, segundo a apuração do Deic, pretendia revender as telas no exterior. Os dois quadros estão avaliados em R$ 100 milhões.     Veja Também:   EXCLUSIVO: assista ao vídeo com imagens do roubo  Masp não tinha seguro para os quadros de Picasso e Portinari Ladrões roubam quadros de Portinari e Picasso do Masp Brasil é o quarto do mundo em roubo de obras culturais Blog do Daniel Piza: um roubo, uma crise e a tristeza  Veja galeria de fotos do roubo da Masp  Veja como foi o roubo no Masp      O furto de 20 de dezembro foi praticado por três bandidos. Uma dos suspeitos já tinha sido detido, uma semana depois do roubo das telas. Ontem, a polícia chegou a Robson de Jesus Jordão, de 32 anos, foragido da Penitenciária de Valparaíso. Ele foi preso no centro da capital e confirmou o endereço onde as obras estavam escondidas. O terceiro cúmplice, segundo a polícia, deve ser preso em breve. "É evidente que eles não cometeram esse crime para eles e o próximo passo é chegar em quem encomendou as telas", disse o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Freire. Ele evitou passar mais detalhes sobre o caso "para não atrapalhar as investigações". O caso começou a ser esclarecido no dia 27. Na ocasião, policiais do Departamento de Investigações Sobre Crime Organizado (Deic) prenderam Francisco Laerton Lopes de Lima, de 33 anos, que confessou ter participado da primeira tentativa de roubo ao Masp, ocorrida em 29 de outubro, e de uma segunda investida, em 18 de dezembro. Em depoimento, Lima negou envolvimento na invasão que terminou com o furto das telas. "Mas já comprovamos que ele participou tanto das tentativas quanto do furto", declarou o delegado Marcelo Teixeira, titular da 3ª Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio do Deic. O acusado contou que, na primeira tentativa, ele e um cúmplice conseguiram dominar vigias do museu. O plano fracassou porque os funcionários não tinham a chave do elevador, que daria acesso à sala do acervo, no 2ºandar. Os ladrões tentaram forçar a entrada, o alarme disparou e os dois fugiram. O segundo ataque foi abortado por um erro dos criminosos. Eles exageraram na dosagem dos gases usados para acender um maçarico, o que provocou um forte clarão. Com medo de terem sido vistos, os dois recuaram. No mesmo dia em que Lima foi preso, um homem fez três telefonemas de orelhões na Rua Avanhandava, no centro, pedindo resgate de R$ 400 mil pelas telas. Os homens do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) passaram a vigiar a região, mas o suspeito não voltou a entrar em contato. Os investigadores desconfiaram de que podia se tratar de um golpista tentando vender o que não tinha em mãos. No dia 3, o presidente do museu, Julio Neves, recebeu uma carta, que, para a polícia, parecia ser a primeira manifestação concreta de quem estava em poder dos quadros. O autor da carta dizia querer US$ 10 milhões de resgate pelas obras. Alertava que a polícia e a imprensa deveriam ficar afastadas do caso. Exigia ainda que a direção do museu publicasse num jornal um anúncio sobre a venda de uma fazenda no Vale do Paraíba, com um número de celular para que o bandido fizesse a negociação. Enquanto isso, os policiais do Deic tentavam identificar o cúmplice do primeiro detido. Usando uma fotografia da carteira de motorista do suspeito, buscavam alguma testemunha que o reconhecesse. Na ocasião, os policiais desconfiavam que as obras poderiam sair do País e temiam que elas fossem queimadas, caso a investigação se tornasse pública. O Estado acompanhou a apuração, mas, diante do risco de as obras serem danificadas, não publicou as informações.   Texto atualizado às 23h20

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