Polícia ouve depoimento de vizinhos do casal Nardoni

Amigos visitaram a residência da família neste sábado e levaram produtos de limpeza, frutas e outros alimentos

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Por Paula Laier e da Agência Estado
Atualização:

A delegada-assistente Renata Pontes, do 9º Distrito Policial de São Paulo, que apura o caso da morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, ouve na tarde deste sábado, 12, um casal de vizinhos de Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá, pai e madrasta da criança. Isabella morreu em 29 de março, após ser jogada do apartamento, no 6º andar do edifício onde mora a família, na zona norte de São Paulo. A delegada não quis identificar o casal de depoentes. VEJA TAMBÉM Entenda por que a Justiça libertou pai e madrasta de Isabella A tragédia, as dúvidas e contradições do caso  Escute por que crimes assim comovem a sociedade  Libertar pai de Isabella não afetará investigações, diz delegada Provas ligam casal às agressões, afirma promotor Laudo será decisivo na conclusão do inquérito Tudo o que já foi publicado sobre o caso Isabella  A policial informou que mais duas pessoas serão ouvidas ainda neste sábado e para a tarde de domingo estão previstos outros quatro ou cinco depoimentos no caso Isabella. A delegada Renata afirmou que Cristiane Nardoni, irmã de Alexandre, será ouvida "em momento oportuno", mas descartou que isso ocorra na próxima segunda-feira. Os depoimentos do pai e da madrasta, libertados na sexta-feira, 11, após 9 dias na prisão, serão tomados somente após a liberação dos laudos dos Institutos de Criminalística (IC) e Médico-Legal (IML). Na manhã desde sábado, amigos visitaram a residência do pai de Alexandre Nardoni, no bairro Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, onde estão Alexandre e Anna Carolina. Natália de Souza, amiga de Cristiane Nardoni, irmã de Alexandre, foi até a casa. Estava acompanhada por um casal que levava várias sacolas de supermercado com produtos de limpeza, frutas e outros alimentos. Natália, que estava com a irmã de Alexandre num bar na zona norte na noite em que Isabella foi assassinada, negou que a amiga tenha feito declaração sobre a ligação telefônica recebida. "Ela não falou nada daquilo que estão dizendo." Duas testemunhas ouvidas pela polícia teriam informado que ela teria dito que o irmão "fez uma besteira". Peritos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico-Legal (IML) trabalham para concluir até o fim da próxima semana os laudos sobre a morte de Isabella . Oficialmente, porém, evitam dar prazo para o fim dos trabalhos. Exames periciais O diretor do Núcleo de Física do IC, Adilson Pereira, confirmou na sexta-feira que alguns exames periciais e laboratoriais estão prontos, mas se recusou a divulgar os resultados. "Só iremos divulgá-los depois que a equipe se reunir e chegar a um consenso sobre o laudo final." O Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do IC emitirá um relatório, consolidando análises feitas pelos núcleos de Física, Biologia, Bioquímica e Identificação Criminal. Questionado sobre afirmações do promotor Francisco Cembranelli, que disse ter informações que ligam o pai e a madrasta de Isabella ao crime, Pereira fugiu da polêmica. "A autoridade policial, os peritos e o promotor trabalham em conjunto. Cembranelli acompanha o andamento do inquérito e tem acesso a dados. De nossa parte, não trabalhamos com laudos preliminares." Pereira negou que o retorno dos peritos ao apartamento do casal Nardoni - foram seis visitas ao imóvel em menos de duas semanas - tenha sido motivado por falhas nas primeiras coletas de provas. "Voltamos para tirar dúvidas e isso será feito sempre que necessário." O diretor do Centro de Exames, Análises e Pesquisas do IML, Carlos Alberto de Souza Coelho, disse que o laudo necroscópico está adiantado, restando a conclusão dos exames toxicológicos e patológico, que revelarão a causa mortis. Sabe-se que Isabella foi vítima de tentativa de asfixia. Mas legistas ouvidos pelo Estado não acreditam que isso tenha sido suficiente para matá-la. Ao que tudo indica, a criança foi jogada do 6º andar em agonia. O impacto pode ter selado a morte de uma vítima já em estado grave. (Com Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo)

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