Polícia não crê em versão de pai de garota que caiu de prédio

Segundo delegado, a polícia trabalha com a hipótese de homicídio; pai e madrasta ainda não são suspeitos

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Por Felipe Oda
Atualização:

Apesar de ainda não tratar o pai biológico e a madrasta como suspeito da morte de Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, o delegado titular do 9º Distrito Policial (Carandiru), Calixto Calil Filho, não descarta seu envolvimento no caso. Segundo a polícia, a menina morreu depois de ser arremessada do 6º andar do edifício em que o casal mora, na zona norte de São Paulo. O corpo da menina será enterrado nesta segunda-feira, 31, no Cemitério Parque dos Pinheiros, em Guarulhos, na Grande São Paulo. A polícia pretende fazer uma reconstituição do crime. A reconstituição ainda não tem data definida. "Temos certeza de que se trata de homicídio e trabalhamos com duas hipóteses: alguém invadiu o apartamento ou o casal tem culpa." Alexandre e Anna Carolina foram à delegacia à 1 hora da manhã e até as 20 horas de ontem ainda prestavam depoimento. O delegado diz que a versão do casal não convence. "Não me convenci por causa da ausência de arrombamento, por nenhum objeto ter sido furtado e, principalmente, pela tela cortada." No quarto do apartamento, peritos da Polícia Civil encontraram gotas de sangue e constataram o corte na tela de proteção da janela. Também havia marcas de sangue em outros cômodos, como se tivessem sido espalhadas por pegadas. Vários exames foram solicitados pelo delegado: toxicológico, para o casal, necroscópico e de lesão corporal, no corpo da Isabella. "Trabalhamos com a possibilidade de a menina já estar bem machucada quando foi arremessada pela janela." Versão do pai Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, morreu no domingo, 30, após cair do sexto andar do Residencial London, prédio de classe média na Rua Leocádia, Vila Mazzei, zona norte. O pai, o consultor financeiro Alexandre Alves Nardoni, de 29, contou à polícia que havia saído à noite com a mulher, a estudante Anna Carolina Trotta Peixoto, de 24, os dois filhos do casal, de 3 e de 11 meses, e Isabella, filha de outro relacionamento. Eles foram à casa da mãe da estudante. Na volta, Alexandre disse ter estacionado o carro na garagem e subido com Isabella dormindo no colo. Deixou a menina na cama, acendeu o abajur e trancou a porta do apartamento. Em seguida, desceu até o carro para ajudar a mulher a subir com as outras duas crianças. Nardoni contou que, quando a família chegou ao apartamento, ele procurou por Isabella no quarto e já não a encontrou. Foi quando viu que a tela de proteção da janela estava cortada. Ao olhar para baixo, viu a filha no gramado em frente do prédio. Bombeiros foram chamados às 23h15 de sábado. Isabella ainda chegou a ser resgatada, mas morreu logo depois na Santa Casa de Misericórdia. Isabella morava com a mãe, a bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira, de 23 anos, e o avô materno. Visitava o pai a cada 15 dias e gostava de ir à piscina com os dois irmãos. Ana Carolina engravidou de Isabella aos 17 anos e era muito apegada à filha. No Orkut, além de colocar várias fotos dela com a menina, definia a filha como maravilhosa e paixão de sua vida. Segundo parentes, a madrasta também tinha bom relacionamento com a enteada e costumava buscá-la para passar o fim de semana com a família. Alexandre contou que o intervalo entre deixar a filha e voltar com o resto da família durou de cinco a dez minutos, dado não confirmado pela mulher. No domingo, ela esteve três vezes no prédio com policiais. A família havia se mudado para o prédio na semana passada. Um suposto desafeto indicado por Nardoni como suspeito de ter assassinado a filha é um construtor ou engenheiro com quem ele teria tido uma discussão. Nardoni, porém, não disse quando foi nem por que ocorreu. O fato será investigado. O porteiro Benedito da Silva diz que não houve assalto nem invasão no prédio. "Nenhum desconhecido entrou ou pulou o muro." As investigações devem durar no mínimo um mês e incluirão reconstituição dos fatos. A polícia vai aguardar resultado dos laudos e também deverá ouvir a mãe e outros parentes da menina. 

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