Polícia investiga ação de mulheres em assalto a joalheria no centro

Bando fez 153 reféns; 4 bandidos foram capturados pela polícia

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Por Felipe Resk
Atualização:
A Rua Barão de Paranapiacaba foi isolada pelos PMspara que pudessem negociar com os assaltantes Foto: Adaílton Damasceno/Futura Press

SÃO PAULO - A Polícia Civil investiga a participação de pelo menos duas mulheres na quadrilha que assaltou uma joalheira e fez 153 pessoas de reféns na região central de São Paulo. Clientes e funcionários foram dominados por cerca de duas horas por dois bandidos armados - a dupla acabaria presa após negociar sua rendição com a Polícia Militar. 

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Do lado de fora da loja, mais dois comparsas foram capturados. Outros nove criminosos conseguiram fugir com joias roubadas. Foi a ocorrência com maior número de reféns já registrada no Estado, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

A quadrilha invadiu na terça-feira, 15, a joalheria João Justino, uma das maiores da Rua Barão Paranapiacaba, por volta das 11h40. O bando rendeu as pessoas que estavam no local e encheu dois malotes com joias. Quatro ladrões permaneceram com os reféns para fazer a segurança dos comparsas que escaparam com o ouro roubado antes de a primeira equipe da Polícia Militar chegar.

Quando os demais assaltantes se preparavam para fugir da loja, localizada no segundo andar do Edifício Santa Rosa, foram surpreendidos pelo policiamento de área. Dois ladrões acabaram detidos ainda nas escadas. Os dois últimos se dirigiam para o térreo mas avistaram os policiais, atiraram e voltaram para a joalheria, onde escolheram dez pessoas para formar um escudo humano que os protegia da PM. Testemunhas relataram terem sofrido ameaças. 

A Cavalaria da PM foi acionada para auxiliar na segurança de quem estava do lado de fora da loja. Os assaltantes só se entregariam após negociar rendição com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), divisão treinada para essas situações. Mais de 50 policiais trabalharam no caso e foram homenageados nesta quarta-feira, 16, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes.

"Toda população de São Paulo viu com enorme apreensão a ação de criminosos no centro da cidade, agindo numa joalheria, numa área de comércio. Poderia ter ocorrido uma tragédia", afirmou Alckmin, em visita à sede do Comando do Choque. "A tarefa agora é prender todos os envolvidos." Três pessoas ficaram feridas no assalto - nenhuma delas foi alvejada por tiros. O caso mais grave foi o de um idoso que teve a orelha ferida por estilhaços.

A polícia também pretende confirmar o número de integrantes da quadrilha e identificá-los, por meio de retratos falados e depoimento dos presos. "Nós estamos com a certeza de que duas mulheres participaram. Talvez, também tenha outras duas", afirmou o secretário de Segurança Pública. "Estamos levantando todos os dados dos quatro criminosos presos, as suas ligações, os receptadores que geralmente lidam com eles, para que possamos rapidamente chegar aos demais."

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Moraes afirma que, até o momento, não há confirmação de que o bando estava junto há muito tempo ou se já havia atuado antes na Rua do Ouro, como é conhecida a Barão Paranapiacaba por concentrar lojas de joias. "Parece a junção de determinadas pessoas que atuavam separadamente ou em dupla", disse. O caso é investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Segundo o secretário, o número de reféns foi o maior da história de São Paulo. "Havia reféns diretos, que estavam no andar com os criminosos, e indiretos, porque não tinham condição de sair em virtude da obstrução."

Os quatro homens detidos são moradores de cidades do leste da Grande São Paulo, como Suzano e Ferraz de Vasconcelos, e também de Guaianases, na capital. Com o quarteto, a PM apreendeu três pistolas. O Deic acusou os homens de tentativa de latrocínio (assalto seguido de morte), roubo, resistência, associação criminosa, disparo de arma de fogo e porte de arma.