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Polícia investiga morte de organizador de 'rolezinho' em Itaquera

Amigos dizem que jovem foi espancado durante baile funk; na delegacia, caso foi registrado como morte suspeita

Por Laura Maia de Castro
Atualização:

Atualizado às 21h25

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SÃO PAULO - A Polícia Civil investiga a morte do estudante Lucas Lima, de 18 anos, na madrugada de sábado, 5, na zona leste de São Paulo. Amigos do jovem relataram que ele foi espancado durante um baile funk, mas a polícia ainda não sabe o motivo. Lima tinha mais de 56 mil seguidores no Facebook e ficou conhecido por organizar o "rolezinho" no Shopping Metrô Itaquera, em janeiro deste ano.

De acordo com policiais do 64.º DP (Cidade AE Carvalho), o caso foi registrado como morte suspeita, mas ainda não se sabe o local nem as circunstâncias. O boletim cita que o jovem morreu antes de chegar ao Hospital Alípio Correa Neto, também na zona leste, para onde foi levado. O pai de Lima, que é motorista e tem 63 anos, foi intimado a comparecer à delegacia para prestar esclarecimentos sobre a morte do filho.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o pai contou que Lima saiu de casa na sexta-feira, dizendo que iria para uma festa e, depois, dormiria na casa de um irmão. No dia seguinte, entretanto, o motorista foi avisado por um amigo de que o filho teria sido atingido na cabeça durante uma briga. Ele decidiu então percorrer os hospitais da região e encontrou o filho no Hospital Alípio Correa Neto. Lima chegou à unidade sem vida, com quadro clínico de parada cardiorrespiratória.

Segundo a Polícia Civil, uma lesão na cabeça provocada por um material contundente teria causado a sua morte. A polícia aguarda o laudo do Instituto Médico-Legal e procura também testemunhas que possam ajudar a esclarecer o caso, pois não sabe ainda o local onde ele foi espancado.

De acordo com os amigos do jovem, o menino foi agredido até a morte durante um baile funk na Rua Terra Brasileira, no bairro Cidade AE Carvalho, depois de paquerar uma menina que estava acompanhada de outro rapaz. "Parece que o rapaz deu uma voadora nele, que caiu no chão e foi chutado pelos outros amigos (do suposto agressor)", disse o amigo de Lima, Fabio Oliveira, de 23 anos. O corpo do jovem foi velado na noite do domingo, 6, e enterrado na manhã desta segunda-feira, 7, no Cemitério Municipal de Itaquera.

Nas redes sociais, amigos prestaram homenagem ao jovem. "Não consigo dormir, não consigo acreditar: amigo, saudades", postou uma menina. "O que eu mais vou lembrar dele é do riso e da alegria" disse o estudante Will Oliveira dos Santos, de 17 anos, cuja foto do Facebook é uma imagem do jovem morto escrito Luto.

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‘Rolezinho’. Lima organizou um "rolezinho" no dia 11 de janeiro no Shopping Metrô Itaquera, na zona leste. O evento acabou em confusão, com a Polícia Militar usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar cerca de 3 mil jovens, enquanto lojistas fechavam as portas.

Apesar de não ser funkeiro, Lucas era conhecido entre os MCs da cidade e teve um papel importante para a divulgação de eventos dos cantores de periferia. "A ‘parada’ do ‘rolezinho’ não tem nada a ver com a morte dele. Ele arrumou uma briga", disse Jonathan Davida, o MC Chaveirinho, de 20 anos, que faz parte de uma associação encarregada de organizar o movimento com a Prefeitura, criada depois dos conflitos com os shopping centers.

Segundo o músico, o jovem conversava com os funkeiros pela internet e era uma das lideranças que fortaleciam os shows na zona leste.

Aluno da Escola Estadual Milton Cruzeiro, em Cidade AE Carvalho, ele também foi elogiado nesta segunda-feira por professores. "Era um aluno normal, um jovem normal. Não era faltoso, não faltava com respeito com a gente. Era um menino normal. Gostava de funk como todos os adolescentes daqui gostam. É lamentável", disse a professora de Sociologia Vanessa Silveira.

"Até porque o motivo da briga foi fútil. Ele não era um menino ousado, de ficar folgando com os outros. Então, provavelmente, foi uma grande bobagem. Foi por ter dado em cima de uma menina que tinha namorado. E aí os amigos do namorado e o namorado o lincharam", afirmou Vanessa.

Câmeras. A polícia também não sabe como ele foi socorrido para o hospital. Investigadores estão procurando as imagens da câmera de segurança do Hospital Alípio Correa Neto para tentar identificar quem levou o estudante até o local. / COLABORARAM LUCIANO BOTTINI FILHO e SÉRGIO QUINTELLA

 

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