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Polícia flagra troca de chope no Bar Leo

Cliente de tradicional boteco de SP desconfiou da bebida; gerente foi preso por produtos vencidos e por vender chope Ashby como Brahma

Por Bruno Paes Manso e Daniel Telles Marques
Atualização:

O advogado era cliente assíduo do Bar Leo, tradicional reduto de cervejeiros no centro. Gostava do colarinho cremoso que vinha com o chope da Brahma, mas começou a desconfiar da qualidade. Sondou os garçons e, na quinta-feira, confirmou a suspeita: a bebida vendida aos clientes a R$ 6 o copo era mais barata e de qualidade inferior. Na mesma hora, foi ao Departamento Policial de Proteção à Cidadania (DPPC) para denunciar o crime, com a condição de ficar no anonimato. No fim da manhã de ontem, duas viaturas e cinco policiais foram ao local checar as informações. Encontraram 18 barris do chope da marca Ashby, um dos mais baratos do mercado.Segundo apuração dos policiais, enquanto o Brahma custa R$ 9,40 o litro, o valor do Ashby é de R$ 5,30. No balcão do bar, a decoração e as propagandas informam que o bar fornece produtos da Brahma. O gerente do Bar Leo, Wilson França de Souza, de 34 anos, que estava no local, foi preso em flagrante. Ainda foram apreendidos dois freezers com comidas vencidas, incluindo molhos, queijo, patês e até refrigerantes."Ele vai responder aos crimes de induzir o consumidor ao erro e ofertar produtos de validade vencida, sem informar a origem do produto", afirmou o delegado Marcelo Jacobucci, titular da 1.ª Delegacia de Saúde Pública. Os crimes são inafiançáveis.A Coordenadoria de Vigilância de Saúde (Covisa) ainda fechou o bar, que só reabrirá regularizado. A representante legal do estabelecimento, Madir Milan, de 77 anos, se apresentou à polícia para esclarecimentos.Um ano. As notas fiscais apreendidas pela polícia registravam que o Ashby já era vendido no Bar Leo havia pelo menos um ano. Um fornecedor da Brahma, que tinha o Leo como cliente havia dois anos, disse ao Estado que começou vendendo 500 litros mensais. Essa quantidade havia caído para 100 litros havia um ano e meio. O Estado tentou falar com os responsáveis pelo Bar Leo, mas não obteve resposta. Apenas funcionários estavam no local. Eles disseram que os donos falariam só depois de prestar depoimento. Um dos garçons afirmou que um barril de chope Brahma ainda era comprado quinzenalmente. Era oferecido para os clientes que reclamassem da qualidade. O Bar Leo vai comemorar 70 anos de existência em agosto. Se sobreviver.

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