Polícia Federal prende 2 por usar a internet para estimular ódio e abusos

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Por Vannildo Mendes , Evandro Fadel , BRASÍLIA e CURITIBA
Atualização:

A Polícia Federal prendeu ontem, na Operação Intolerância, dois jovens de classe média e com alta formação acadêmica acusados de usar a internet para incitação à violência contra negros, homossexuais, mulheres, judeus e nordestinos. Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello mantinham um site que, entre outros pontos, ensinava como adotar crianças para abuso sexual e pregava o "estupro corretivo" de lésbicas.O curitibano Emerson Eduardo Rodrigues, de 32 anos, e o brasiliense Marcelo Valle Silveira Mello, de 26, foram detidos em Curitiba. As investigações começaram em dezembro, após mais de 70 mil denúncias de internautas, da sociedade civil e de representação das Secretarias de Proteção à Mulher e de Direitos Humanos da Presidência. A operação teve o apoio até da polícia federal americana (o FBI). Nos seus links mais agressivos, o site dos acusados mostra como matar uma pessoa - negro, mulher ou homossexual de preferência -, de maneira lenta ou rápida. A dupla ainda pregava abertamente assassinatos e atentados contra representantes desses grupos, tratados como "animais", "escória" e "seres inferiores". Nas mensagens postadas, os dois demonstram ódio particular por mulheres. "Faça você mesmo: estupre e mate uma". Contra os homossexuais, a virulência da dupla não deixa por menos. "Pegue uma arma, engatilhe e atire em um homossexual." Eles demonstram particular fixação com o deputado federal e militante gay Jean Wyllys (PSOL-RJ), o qual definem como um parlamentar que não tem a aprovação do povo, mas "se infiltrou" no Congresso beneficiado por cotas. "Encomendaremos a morte de Jean." Os dois também colocaram online ofensas à presidente Dilma Rousseff e aos políticos em geral com histórico de esquerda. Buscas. Rodrigues foi preso em sua casa, enquanto Mello estava em um hotel, mas já estaria alugando apartamento para fixar-se em Curitiba. Eles estão detidos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense, onde devem ficar até o julgamento. Foram indiciados por incitação ao crime, discriminação racial, por meio de recursos de comunicação social, e divulgação de imagens de conteúdo pornográfico juvenil.A PF também realizou buscas e apreensões em dois endereços em Curitiba e em um em Brasília, onde Mello mantinha uma segunda residência. Ele viveu na cidade e se formou em Ciência da Computação como um dos alunos mais aplicados da UnB. A dupla também fazia pedidos de doações pelo site e a PF quer saber a origem de R$ 500 mil encontrados na conta corrente de Mello.A polícia também não descarta que outras pessoas ajudassem os acusados e vai continuar nos próximos dias as investigações da Operação Intolerância.

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