Polícia de SP mata mais de dois suspeitos por dia em 2019 e letalidade tem alta de 8% no trimestre

Estado registrou 213 mortes de suspeitos no 1º trimestre e secretário diz que aumento é causado pela agilidade policial e por uma "criminalidade aguerrida". Indicadores registram queda de crimes como roubos e homicídios

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Por Marco Antônio Carvalho
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SÃO PAULO - Policiais do Estado de São Paulo mataram 213 pessoas suspeitas em operações no primeiro trimestre deste ano, uma média de mais de duas mortes por dia. A quantidade representa uma alta de 8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 197 casos. Os dados não incluíram as 11 mortes da ação policial contra assaltantes de banco em Guararema, que aconteceu em 4 de abril.

Viaturas da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Foto: Gilberto Marques/Governo de São Paulo

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Os números foram divulgados nesta quinta-feira, 25, pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo e mostra queda na maioria dos indicadores de criminalidade (veja abaixo). A alta na letalidade policial interrompe a queda que havia sido obtida no primeiro semestre do ano passado. Em 2017, ano recorde da letalidade policial, o primeiro semestre registrou 237 mortes, número que teve queda no ano seguinte, mas voltou a subir em 2019.

O trimestre é o primeiro da gestão do governador João Doria (PSDB), que desde a campanha eleitoral do ano passado vem enfatizando que a polícia atuaria de forma a responder as agressões de criminosos. “Bandido que tiver a coragem de reagir, a Polícia Militar vai atirar para imobilizar, não é para matar. Mas se continuar a reagir, vai atirar para colocar no cemitério”, disse Doria, então candidato, em 15 de outubro à Rádio Jovem Pan. 

Os policiais que atuaram na operação em Guararema, no início do mês, receberam homenagens de Doria em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Em janeiro, o secretário de segurança, o general João Camilo Pires de Campos, disse ao Estado que “a letalidade ideal para mim é zero”. “Ela existe porque a população é enorme e há enfrentamentos”, disse naquela oportunidade.

A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo investiga desde o início de abril a morte de 11 pessoas após supostos confrontos com a Polícia Militar no último fim de semana de março. Os casos aconteceram na capital e Grande São Paulo e estão acima da média do Estado para esse tipo de ocorrência.

O secretário executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo, disse ao Estado que o fato de ter mais policiais nas ruas em decorrências das operações feitas e de eles estarem chegando mais rapidamente na cena do crime tem relação com a alta na letalidade. “Infelizmente, a criminalidade é aguerrida. A polícia chega rápido e o serviço de inteligência tem colocado ela na mancha criminal. O confronto não é opção dos agentes, mas sim dos criminosos”, disse.

Ele ressaltou a vigência da Resolução 40, da Secretaria, que prevê que os casos de letalidade contem com o deslocamento do comandante da área para o local, assim como de agentes da Corregedoria. “Temos notados confrontos legítimos”, disse Camilo.

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Maior parte dos indicadores de criminalidade registram queda

Quase todos os indicadores de criminalidade apresentaram queda no 1º trimestre deste ano. Casos de homicídios (-7%), latrocínios (-42%) e roubos gerais (-7,9%) tiveram redução no período. Também caíram os registros de estupro, em 5%, crime que vinha apresentando alta ao longo de 2018. No Estado, um dos únicos indicadores a ter alta foi a quantidade de furtos, com 136 mil casos nos primeiros três meses do ano, uma média de 1,5 mil casos por dia.

Na capital, a alta de furtos também foi notada - uma elevação de 11%, com 60 mil crimes dessa natureza em 2019. As 188 vítimas de homicídio representam o mesmo número na comparação com igual período do ano passado. Crimes como roubos, latrocínio e estupros caíram na cidade de São Paulo.

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