
12 de junho de 2014 | 12h47
Atualizado às 21h24
SÃO PAULO - No dia da estreia da Copa do Mundo e com a ameaça de manifestação, a Polícia Civil de São Paulo fez uma operação na manhã desta quinta-feira, 12, contra acusados de pertencerem a grupos Black bloc. Quatro delegacias da Divisão de Investigações Gerais (DIG) do Departamento Estadual de Divisões Criminais (Deic) começaram às 7 horas a cumprir 12 mandados de busca e apreensão nas casas de suspeitos na investigação aberta sobre grupos ativistas durante as manifestações do ano passado.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, houve apreensão de notebooks, pen drives, celulares, cadernos com anotações, sprays e latas de tintas, manuais de procedimentos para ativistas em manifestações, jornais, panfletos, soco inglês, estilingues, máscaras e CPUs.
Dos 12 mandados expedidos, 11 foram cumpridos por cerca de 100 policiais - oito na capital, um em Mogi Guaçu, um em São Bernardo do Campo e um em Ferraz de Vasconcelos. Duas mulheres foram encaminhadas ao Deic para prestarem esclarecimentos e liberadas.
A primeira detida foi a estudante de Arquitetura Luana Bernardo Lopes, de 20 anos, que foi presa em outubro do ano passado e enquadrada na Lei de Segurança Nacional em um protesto. Ela e um amigo fotografaram um ataque a um carro policial e foram detidos com sprays e cartazes. Luana foi liberada após prestar depoimento ontem por volta das 13h30.
Segundo seu advogado, Armando Oliveira da Costa Neto, ela não atua mais em nenhuma manifestação e não tinha intenção de ir a qualquer ato ontem. Para o advogado, essa seria uma tentativa de repetir o que aconteceu no Rio anteontem, quando dez ativistas que costumam ter presença constante nas manifestações tiveram os computadores e celulares apreendidos e foram levados para a delegacia para prestar depoimento durante todo o dia.
Luana ficou detida para dar explicações sobre o material apreendido na sua casa: quatro computadores e tintas. Ao sair da delegacia, ela carregava uma caixa com outros pertences que foram descartados pela polícia. Aos prantos, estava acompanhada de uma colega, que também prestou depoimento.
O advogado Armando Oliveira da Costa Neto diz que sua cliente chegou a ser ouvida pelos policiais, mas passou a ficar em silêncio por ordem dele. “Eu não pude ter acesso ao inquérito”, justificou. “Ela já não participava mais de manifestações por orientação nossa.”
Rio. Na quarta-feira, dez ativistas de presença constante nas manifestações no Rio foram levados para a delegacia para prestar depoimento durante todo o dia. Entre eles estava a ativista Elisa Quadros, a Sininho, que ficou conhecida após os protestos do ano passado.
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