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'Casa abandonada' de Higienópolis tem ação da polícia, resgate de animal e vistoria de 'gato de luz'

Objetivo foi averiguar possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência; um cachorro foi resgatado

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO – A Polícia Civil de São Paulo cumpriu na tarde desta quarta-feira, 20, um mandado de busca e apreensão em uma casa nos arredores da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na zona central de São Paulo. O objetivo foi averiguar o possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência. Um cachorro foi resgatado no local.

A "casa abandonada" ficou famosa após a Folha de S.Paulo lançar um podcast (A Mulher da Casa Abandonada) sobre uma mulher suspeita de manter uma faxineira brasileira em trabalho análogo à escravidão por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. Conforme o podcast, o então marido da acusada foi condenado pelo crime no começo dos anos 2000, mas a mulher retornou ao Brasil antes de responder à Justiça americana. Desde então, ela vive na casa da família, onde hoje mora sozinha.

Policiaiscumpriram mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira, 20, na residência de Margarida Bonetti. Foto: Marcelo Chello/Estadão

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A Secretaria de Segurança Pública informou que policiais civis do 4º Distrito Policial (Consolação) cumpriram um mandado de busca e apreensão para averiguação de crime de abandono de incapaz na tarde desta quarta no imóvel, que fica na Rua Piauí. “Diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos”, informou a pasta.

Uma das primeiras a entrar na casa na ação desta quarta, a delegada assistente da 1ª Delegacia Seccional Centro Vanesa Guimarães explica ao Estadão que os agentes de polícia chegaram a ir até a casa da mulher na semana passada para averiguar as condições em que ela estava vivendo. Porém, a moradora não autorizou a entrada. “A ordem judicial foi concedida e hoje nós fomos cumprir.”

“O objetivo era apurar se há indícios de abandono de incapaz da família em relação a ela, mas isso são os médicos que vão dizer”, diz a delegada. Ela explica que os policiais ainda aguardam o resultado do laudo médico sobre a saúde psicológica da moradora. “A gente (Polícia Civil) deixou o interior da casa e equipes de Saúde e Assistência Social ficaram conversando com ela, até para ver se tem condições de ficar na casa.”

Ao chegar ao local, por volta de 15h30, a delegada explica que a mulher foi “muito resistente” com os policiais e não queria deixar que o mandado fosse cumprido. “Em um primeiro momento, por ser idosa, respeitamos essa condição”, diz Vanesa. “Mas ela começou a argumentar que não ia abrir e começou a falar frases desconexas.”

A delegada conta que os policiais, então, começaram a enfatizar que se tratava de um mandado judicial e que teriam de entrar na casa para apurar a situação. “Entramos pela janela da quarta dela. Quando viu que não tinha jeito, ela autorizou minha entrada e de uma escrivã de polícia que estava comigo, por sermos mulheres”, relata a delegada. “Tinha muita coisa na casa, um odor insuportável.”

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Objetivo foi averiguar possível abandono de incapaz de moradora e outras denúncias de irregularidades na residência; um cachorro foi resgatado Foto:

Após esse momento inicial, Vanesa conta ter liberado a entrada de equipes de perícia da Polícia Civil e da Subprefeitura da Sé para o cumprimento do mandado. “Dentro do porão, foi encontrado um cachorrinho com indícios de maus-tratos, não estava nem conseguindo andar. Ele foi resgatado por uma ONG”, diz ela.

Por conta da repercussão do caso, a apresentadora de TV Luisa Mell participou da ação junto à polícia e transmitiu algumas das cenas nas redes sociais. Dezenas de pessoas, além disso, se aglomeraram na frente da residência para acompanhar a incursão da polícia. O imóvel teve de ser isolado pelos agentes. “Alguns policiais seguem por lá para garantir a segurança dela. Tem muita gente, então acabou criando um certo tumulto.”

Denúncia de desvio de energia elétrica é infundada, diz delegada

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Durante a ação, a delegada conta ainda que os policiais averiguaram outros cômodos da casa abandonada, mas não encontraram irregularidades aparentes. Segundo ela, havia relatos de que a moradora mantinha gatos de estimação em condições insalubres e de que a moradora desviaria energia elétrica de prédios vizinhos.

No entanto, nenhuma dessas denúncias se concretizou. “Hoje, até uma equipe da Enel foi até o local para acompanhar a situação, mas verificaram que não havia “gato” (desvio de energia elétrica)”, diz Vanesa. “As contas são todas pagas e não há nenhum gato de energia e de água. O que não era feito era a leitura do padrão de luz desde 2010. Agora, conseguiram efetuar a leitura para fazer o cálculo correto.”

Imagens internas decasa nos arredores da Praça Vilaboim, em Higienópolis; polícia cumpriu mandado no local Foto: Polícia Civil
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