Atualizada às 15h14
SÃO PAULO - A polícia apreendeu na noite de terça-feira, 17, uma carga de 13,5 toneladas de explosivos que tinha sido repassada para criminosos na última sexta após um motorista de caminhão negociar o material em um bar e simular um roubo em Guarulhos, na Grande São Paulo.
De acordo com o delegado-titular da Delegacia de Roubo a Banco Fábio Pinheiro Lopes, o motorista Adriano José Silveira, de 33 anos, levava a carga de Cruzeiro, na região do Vale do Paraíba, para Criciúma, em Santa Catarina. No caminho, parou em um bar em Guarulhos e consumiu cinco doses de cachaça, além de cerveja. O material era de uma empresa de mineração.
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"O motorista parava sempre nesse lugar. Ele bebeu demais e anunciou a carga que tinha. Um indivíduo não se interessou, mas fez um contato com um intermediário que levou uma amostra para um traficante da favela Cumbica. Ele começou a vender uma banana de dinamite por um valor baixo, mas não soube dizer por quanto ia vender tudo." Os valores não foram divulgados.
Segundo o delegado, o traficante, identificado como Edimar Murilo da Silva Maximiamo, de 27 anos, mais conhecido como Popó, teria negociado todo o material, que estava em 540 caixas. A carga foi entregue por volta de meia-noite de sábado e, às 6 horas, o motorista foi ao 63o DP (Vila Jacuí), onde informou que tinha sido vítima de roubo.
"Ele simulou um assalto, mas confrontamos a versão dele com imagens de câmeras de segurança e ele acabou confessando."
A confissão de Silveira levou a polícia a Ramon Nunes Azevedo, de 21 anos, que seria a pessoa que fez o contato entre o motorista e o interceptador, identificado como Rodrigo Ferreira de Oliveira, de 22 anos. Oliveira e Popó são procurados pela polícia. Azevedo foi liberado após pagamento de fiança. O motorista permanece preso.
A recuperação da carga de explosivos foi feita por policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que localizaram o material em um terreno em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
"A carga daria para explodir cerca de 20 mil caixas eletrônicos. Isso representa um terço dos caixas eletrônicos de todo o País, porque são cerca de 64 mil. Do jeito que estava, eles não fariam nada, pois os explosivos estão sem a espoleta e o pavio, mas é uma coisa perigosa", afirma o delegado. O explosivo foi avaliado em R$ 58 mil.
Ainda na tarde desta quarta, 18, o Exército conferiu a carga de explosivos e recolheu o material. "A definição do que será feito ficará a cargo do Exército."
Escolta. O secretário estadual de Segurança Pública Alexandre de Moraes esteve na coletiva realizada nesta quarta e destacou a integração entre a Polícia Civil, o poder judiciário e o Ministério Público Estadual, que permitiu a rápida recuperação dos explosivos. "Não poderíamos deixar que 13 toneladas fossem vendidas para São Paulo e todo o Brasil. Isso seria usado para a explosão de caixas eletrônicos."
Moraes relembrou que, a partir de 6 de abril, será obrigatória a escolta particular de cargas dessa natureza com comunicação ao Exército na região Sudeste, mas informou que vai solicitar que a medida seja adotada em todo o País.
"Já me reuni com o ministro da Justiça e ele se colocou à disposição para montar um grupo com o Ministério da Defesa. Não é possível que uma carga seja conduzida por um motorista sem que haja um credenciamento nem em grandes quantidades. É importante que isso seja incluído no decreto federal."