19 de outubro de 2011 | 03h05
A Polícia Civil começou ontem a investigar a pichação nazista no muro da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Guia Lopes, no Limão, zona norte da capital. O caso foi registrado como injúria racial no 40.º DP (Vila Santa Maria). A direção da escola acredita que a frase "vamos cuidar do futuro de nossas crianças brancas", escrita ao lado de suásticas, foi uma reação ao projeto implementado no início do ano, que valoriza a igualdade racial.
Além de suásticas, um detalhe chamou a atenção de peritos que compareceram ontem ao local. Atrás de um caminhão-tanque, no mesmo muro, havia o número "14", alusivo a slogans do americano David Lane, escritor e fundador de um grupo neonazista conhecido como A Ordem, que defendia a supremacia branca. Ele morreu em 2007, em uma prisão nos Estados Unidos.
Ao lado do "14", estava pichado também o número "88", usado por grupos neonazistas como forma de fazer a saudação "heil Hitler". O oito representa o "H", oitava letra do alfabeto.
Suspeita. Para o delegado Antonio de Padua de Souza, do 40.º DP, o caso pode ter relação com alguma pessoa vinculada à escola que esteja descontente com o projeto pedagógico de igualdade racial.
Mesmo assim, ele pretende solicitar a ajuda da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
"Às vezes, a delegacia especializada tem fatos semelhantes registrados em outras áreas", explica o delegado.
Bom exemplo. O secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, disse ontem que a escola é um exemplo no uso das diretrizes curriculares étnico-raciais.
Segundo a diretora da escola, Cibele Racy, alguns pais a procuraram para se informar sobre o incidente.
A Emei Guia Lopes atende crianças entre 4 e 6 anos de idade. A segurança no local será reforçada.
Como a perícia já foi feita, o muro da escola na zona norte deverá ser pintado até a sexta-feira. A direção vai permitir que as próprias crianças façam desenhos livres sobre a frase e os símbolos nazistas.
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