PMs alunos da USP ficam no 'fogo cruzado'

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Por Luisa Alcalde e JORNAL DA TARDE
Atualização:

Assim como o soldado Mathias, do filme Tropa de Elite, eles estão ou já estiveram entre a Polícia Militar - corporação para a qual trabalham - e as salas de aula - no caso, da Universidade de São Paulo (USP), onde estudam ou já estudaram. Também estão ou já estiveram inseridos no cenário da mais recente polêmica envolvendo a militância estudantil e a PM depois que três estudantes foram flagrados por policiais fumando maconha dentro de um carro na frente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).Em meio aos confrontos, invasões de prédios e "tiroteio" em torno de opiniões divergentes sobre a presença da PM no câmpus está a capitã Ana Claudia de Paula, de 41 anos, relações públicas do Comando Geral da PM e pós-graduanda há um ano em Comunicação Corporativa na Escola de Comunicações e Artes."Na minha sala, há publicitários, profissionais de marketing e de tecnologia da informação e a maioria demonstrou apoio à corporação." Segundo ela, colegas universitários fizeram camisetas com a frase "Fora drogas", em apoio à ação policial, e prometem usá-las nesta semana. A capitã virou alvo de curiosidade na semana passada. Colegas a cercaram para saber detalhes do planejamento da ação da Tropa de Choque na Reitoria. "Perguntaram surpresos sobre mudanças de postura da PM porque viram que policiais agiram sem violência."Quando chegou à USP, foi questionada por colegas sobre o que faria se visse algum aluno fumando maconha. Naquela época, a PM ainda não patrulhava o câmpus. "Nunca vi. É claro que buscam locais não tão visíveis. Mas chamaria a pessoa para orientar. Se fosse grave, comunicaria à Reitoria." Por outro lado, como a aula terminava tarde da noite, também perguntavam à capitã se não poderia haver uma viatura na saída. A também capitã Tânia Pinc, de 46 anos, da Central de Operações da Polícia Militar (Copom), concluiu estudos na FFLCH em julho. Foi aluna da USP desde 2005 e fez mestrado e doutorado em Ciências Políticas. Um de seus objetos de pesquisa é a abordagem policial. No início dos estudos, sentia que olhavam para ela como que questionando: "O que ela veio fazer aqui?"."No meio acadêmico não há muitos grupos de pesquisa sobre a polícia e isso faz com que se conheça pouco da corporação", analisa. Por não haver debate sobre o assunto, diz, é comum que a comunidade relembre a postura da polícia do passado. "Mudou muito, mas poucos sabem."Tânia disse que ficou entristecida com os recentes acontecimentos na USP, mas espera que sirvam para fomentar o debate no meio acadêmico. "Como estudante que fui, defendo o espaço universitário livre de opiniões e ideias, mas não isento de leis."

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