PM que suspendeu voos responderá por atentado

Crime prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão; corporação diz que ele obteve alta psiquiátrica, mas não se conformou com serviço interno

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Por Bruno Ribeiro e Felipe Tau
Atualização:

O policial militar que provocou o fechamento do Corredor Norte-Sul e a suspensão dos pousos no Aeroporto de Congonhas, na tarde de anteontem, deve ser indiciado por atentado contra a segurança de transporte aéreo. Ele está internado no Hospital São Paulo, na zona sul, desde que foi resgatado da torre de aproximação do aeroporto, sem previsão de alta.O crime contra a segurança aérea é previsto no artigo 261 do Código Penal, com pena de 2 a 5 anos de reclusão. Segundo o boletim de ocorrência registrado sobre o caso na Delegacia do Aeroporto de Congonhas, o policial estava fardado, armado com uma faca e chegou a ameaçar colegas de farda que tentaram resgatá-lo. Ele tinha também uma corda amarrada em seu pescoço, segundo nota da Polícia Militar.Na sexta-feira, por volta das 16h30, o policial - que estava afastado de suas funções e passava por tratamento psiquiátrico - subiu na torre de aproximação da Washington Luís, na altura da Avenida dos Bandeirantes. O equipamento serve para orientar a aproximação dos pilotos.Além da faca, ele estava com rojões que, também segundo o boletim de ocorrência registrado sobre o caso, foram disparados no alto da torre, ameaçando as aeronaves que aterrissavam em Congonhas. Segundo a polícia, os disparos foram feitos contra policiais e bombeiros que tentaram resgatá-lo.O Hospital São Paulo não deu informações sobre o estado de saúde do policial nem quando ele deve deixar o hospital. Quando sair, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, deverá prestar depoimento na delegacia do aeroporto. A estrutura onde o policial subiu permanecia ontem sem nenhum tipo de reforço para evitar novos atos como o ocorrido na sexta. Ontem, o aeroporto operou normalmente, segundo a Infraero. Apenas dois voos, dos 73 programados, foram cancelados até as 13h30.O policial, de 29 anos, é casado, pai de três filhos e trabalhava na corporação havia nove anos. Sua identidade não foi revelada pela polícia. Ele estava lotado no 46.º Batalhão da PM, no Ipiranga, zona sul da cidade."O referido policial, que está lotado no quartel da região do Ipiranga, já teve várias passagens por tratamento psiquiátrico, obteve alta médica para trabalhar em atividades internas, porém, descontente com a decisão, envolveu-se naquela crise, sendo demovido de continuar com aquela atitude por policiais do batalhão da área e do Corpo de Bombeiros, sendo socorrido ao hospital para o necessário atendimento", disse a PM, em nota.

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