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PM atribui a 'bandidos' responsabilidade por chacina na Grande SP

Em 1ª manifestação pública sobre 18 mortes em Osasco e Barueri, corporação diz que não se pode generalizar classe de trabalhadores

Por Monica Reolom
Atualização:

Atualizada às 7h37 de 24/8

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SÃO PAULO - Na primeira manifestação pública sobre a chacina em Osasco e Barueri, na qual 18 pessoas foram executadas no dia 13 deste mês, a Polícia Militar afirmou que não é possível “generalizar toda uma classe de trabalhadores por causa de atos supostamente praticados por bandidos que integram temporariamente a instituição”. A Corregedoria da corporação investiga a participação de 19 suspeitos no crime - 18 seriam PMs e um civil casado com uma policial.

A PM, em seu site e em sua página no Facebook, pronunciou-se, na quinta-feira, em resposta ao compartilhamento, por um advogado, de uma charge de 2012 que mostra PMs em dois modelos de uniforme, um “diurno” e outro “noturno”. O primeiro está com a farda convencional e o segundo, encapuzado e com uma arma na mão.

A corporação afirmou na nota que é “uma das instituições mais sérias do poder público, agindo prontamente em casos de crimes eventualmente praticados por seus integrantes” e que é “implacável” contra desvios de conduta, mas que “repudia toda e qualquer tentativa de criminalização da classe, por parte de quem quer que seja”.

A nota da PM cita nominalmente um advogado da coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos de São Paulo. “Causou indignação o compartilhamento, via Facebook, de uma charge discriminatória contra a Polícia Militar, no perfil do advogado Ariel de Castro Alves”, afirmou o texto.

A corporação disse lamentar que “uma pessoa que se diz defensora dos direitos humanos” generalize uma categoria profissional. A publicação da PM exibiu a foto do advogado em seu perfil na rede social.

Após receber ameaças, Alves apagou a charge de seu perfil. “Algumas pessoas ameaçavam minha integridade, outras me ofendiam com xingamentos ou de processos e representações na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Alguns também me elogiavam pela minha atuação, mas manifestavam indignação específica com relação à charge postada. A maioria dos autores das mensagens, pelos seus perfis no Facebook, possivelmente eram policiais militares”, disse.

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A charge não é de sua autoria e circula nas redes sociais há três anos - há referências a ela em outros perfis de defesa dos direitos humanos. “Não tive a intenção de promover ofensas, discriminações ou estigmatizações generalizadas em relação à Polícia Militar, seus trabalhadores e mesmo quanto aos seus símbolos. Minha única intenção foi apresentar meus protestos à possível participação de alguns maus servidores públicos da PM, ou de outras instituições, em chacinas, grupos de extermínios e em execuções sumárias, conforme as apurações em curso em Osasco”, afirmou.

Risco. Ariel disse ter enviado à Secretaria da Segurança Pública (SSP) uma nota, na sexta-feira, em que explica esses pontos. O texto não havia sido publicado nos canais oficiais da secretaria ou da Polícia Militar até a noite deste domingo.

A PM disse, também em nota, que a mensagem de quinta-feira foi publicada pelo Centro de Comunicação Social “para contestar conteúdo discriminatório” no perfil do advogado. “Esse tipo de comunicação acontece todas as vezes que são identificadas publicações que atentem contra a honra e a credibilidade de policiais militares”, informou a corporação.

Segundo a instituição, “não há risco em reproduzir conteúdo existente em um perfil público do Facebook. A avaliação do risco compete ao dono do perfil, ao criá-lo, bem como a responsabilidade pelo que publica também compete ao dono do perfil”.

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