Pivô da Máfia dos Fiscais é demitido

Doze anos após escândalo em SP, Willians José Izar perde, ''a bem do serviço público'', direito de assumir cargo na administração

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Pivô do escândalo conhecido como Máfia dos Fiscais, Willians José Izar foi demitido ontem da Câmara Municipal de São Paulo "a bem do serviço público". A medida revoga a exoneração concedida em 2000 a pedido do ex-chefe de gabinete do vereador José Izar, seu irmão. Os Izars são acusados de terem comandado um esquema que arrecadou R$ 473 milhões em propinas de camelôs ilegais entre 1997 e 2000.Pelos próximos 10 anos, Willians não poderá assumir qualquer função em administração pública ou autarquia. A decisão veda a participação do acusado de extorsão em concursos públicos e conselhos de empresas municipais, como a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) e a São Paulo Turismo (SPTuris). Willians foi preso em abril de 2000 dentro do Palácio Anchieta, sede da Câmara. O episódio ocorreu um ano após as denúncias de que fiscais da Subprefeitura da Lapa, liderados pelos Izars, cobravam propina de comerciantes e camelôs. Quando José Izar já havia escapado da cassação em plenário, Willians foi acusado de pegar parte dos salários de assessores do irmão. Ele foi preso em flagrante com cerca de R$ 3 mil que teriam sido recolhidos momentos antes de seus assessores.No despacho da demissão, a Mesa Diretora da Câmara diz ter "comprovado os fatos a ele imputados". Vereadores argumentam que a decisão ocorreu somente 12 anos após o escândalo porque a Câmara precisava esperar que o caso fosse julgado em definitivo pela Justiça, que condenou os réus no fim de 2009.Em maio de 2010, o então presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), abriu uma comissão para retomar a investigação do caso no Legislativo. O resultado foi a demissão de Willians, publicada ontem no Diário Oficial do município.O Estado tentou ontem falar com Willians Izar durante toda a tarde e início da noite, mas não houve resposta às ligações. Procurado em seu apartamento em Moema, o ex-vereador José Izar também não foi localizado.PARA LEMBRARDenúncia de vítima provocou investigaçãoEm outubro de 1998, Soraia Patrícia da Silva Morais, dona de uma academia de ginástica na Rua Augusta, foi abordada por três fiscais da Administração Regional (hoje Subprefeitura) de Pinheiros. Eles cobravam propina de R$ 30 mil, em troca da regularização do estabelecimento. Caso contrário, ela seria multada. Mas Soraia, então com 24 nos, resolveu denunciar o caso ao Ministério Público Estadual (MPE). Promotores descobriram o esquema em outras administrações regionais e revelaram a participação de vereadores. Mais de cem inquéritos foram abertos, houve prisões e cassação de dois vereadores e um deputado estadual. O então prefeito Celso Pitta chegou a ser afastado do cargo, mas conseguiu salvar o mandato.

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