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Pichador do Pátio do Colégio também atacou Monumento às Bandeiras e Estádio do Morumbi

Duas pessoas já confessaram participação, enquanto terceiro envolvido é procurado pela polícia; veja vídeo de todo o ato, feito pelos próprios autores do crime, que alegam motivação ideológica

Foto do author Priscila Mengue
Por Priscila Mengue
Atualização:
Frase “Olhai por nóis” (sic) foi pichada na fachada do Pátio do Colégio Foto: Felipe Rau/Estadão

SÃO PAULO - O Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) de São Paulo divulgou nesta sexta-feira, 13, a identidade de dois dos três envolvidos na pichação do Pátio do Colégio, na madrugada de terça-feira, 10, no centro da cidade. Um deles, João Luís Prado Simões França, de 33 anos, é considerado o líder do grupo pela polícia e confessou ter participado de outros atos na cidade, como as pichações no Monumento às Bandeiras e na estátua do Borba Gato, em 2016, e o Estádio do Morumbi, em 2017. Ele é conhecido no meio pelo apelido “Mia”.

Tanto França quanto a fotógrafa Isabela Tellerman Viana, de 23 anos, confessaram a participação no crime após serem detidos. Eles foram liberados no mesmo dia e poderão sofrer pena de seis meses a um ano de prisão. Além deles, a polícia já identificou o terceiro envolvido, mas somente divulgará a identidade do homem após ele ser localizado.

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Imagens cedidas pela Polícia Civil

Isabela foi a primeira a ser identificada pela polícia, após a investigação encontrar postagens nas redes sociais da jovem. Às 16 horas de quinta-feira, ela foi detida e declarou não ter participado de outros atos. Na manhã desta sexta-feira, contudo, a reportagem do Estado encontrou duas postagens da garota na qual ela afirma ter participado de uma pichação no Estádio do Pacaembu, em 2017. 

“Um ano lá atrás estávamos nós, mais uma madrugada animada ao lado do meu irmão da vida/papai das ações/parcerias nas produções MIA, bagunçando pela cidade, ‘Chora Doria’ nos muros do Pacaembu”, escreveu em seu perfil, que foi deletado na manhã desta sexta-feira.

Com Isabela, a polícia encontrou objetos utilizados em pichações, como um simulacro de uma arma, máscaras (de porco e de macaco), dois extintores de incêndio, latas de tintas e um catálogo de imagens dos atos do grupo, dentre outros. Além disso, a investigação obteve gravações feitas pelos próprios participantes em câmeras e celulares, que registram todos os bastidores do ato.

Segundo o delegado Marcos Galli Casseb, os três investigados se disfarçaram de moradores de rua para permanecer no Pátio do Colégio. Todo o ato foi filmado por Isabela, enquanto França fez a pichação com um extintor de incêndio adaptado. O terceiro envolvido acompanhava o trio e se desculpava aos moradores de rua que eram atingidos pela tinta. “Desculpa aí, rapaziada, isso aqui é contra o sistema”, dizia.

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'Madrugada animada ao lado do meu irmão da vida/papaidas ações/parcerias nas produções MIA, bagunçando pela cidade', compartilhou Isabela em uma postagem no Facebook sobre uma pichação no Estádio do Pacaembu Foto: Reprodução/Facebook

Um vídeo anterior traz imagens do trio se encaminhando ao local dentro de um carro. Na gravação, eles comentam que precisarão “pedir licença” aos moradores de rua para fazer a pichação. “Sair riscando por isso eu acho deselegante”, diz Isabela. 

Em outro vídeo, eles discutem como será feita a ação. “O meu medo lá é ter câmera da GCM (Guarda Civil Metropolitana)”, diz um deles. Além da pichação, as imagens trazem o grupo preparando o extintor de incêndio em um posto de gasolina, se encaminhando de carro e a pé até o Pátio do Colégio, fugindo do local e ouvindo jazz em umautomóvel após concretizarem o ato. 

Líder do grupo. França foi ouvido pela polícia acompanhado de dois advogados e confessou a participação em “diversos” atos semelhantes. Segundo o delegado Casseb, ele e Isabela alegam motivação ideológica, pois a história do Pátio do Colégio está ligada à catequização de indígenas.

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Para o delegado, a verdadeira motivação dos envolvidos é mercantil, pois os atos eram fotografados e vendidos na internet e para galerias de arte. “Ainda há um grande material a ser analisado”, disse durante coletiva de imprensa.

O delegado afirmou ainda que, como o caso é considerado um crime ambiental de natureza leve, os envolvidos devem ter a pena convertida pela Justiça para prestação de serviços. O único caso que poderia resultar em prisão é o de França, se o poder judiciário decidir somar as penas de todos as pichações que já cometeu. Além disso, os envolvidos poderão ser multados em R$ 10 mil pela Prefeitura de São Paulo.