Pichação ''do bem merece desconto?

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Por Redação
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Em pautaNÃOEscrever uma frase dita "de amor" agredindo o patrimônio público ou privado não me parece nem um pouco razoável. A forma contradiz a mensagem. Afinal, como querer pregar o amor com vandalismo? O trabalho poderia ser muito bonito, desde que feito com autorização do dono do muro. O que não tem cabimento e não deve ser tolerado é uma verdadeira depredação à propriedade com a desculpa de que a mensagem é positiva. Mesmo querendo "educar", as frases não são pedagógicas. Só o fato de ser feita sem autorização já soa agressivo e contraproducente. O pior é que isso tem efeito multiplicador: estimula a delinquência, o local fica feio, sujo, com ar de abandono, sem zeladoria. A pichação passa a imagem de que aquele é um lugar inseguro para o cidadão - mas seguro para os transgressores. Um mau exemplo, enfim. Isso sem contar que você acaba obrigando o poder público a gastar um dinheiro que poderia ser gasto em diversas outras coisas para cobrir as pichações. Se o muro for de uma casa, o prejuízo é o mesmo, pois o dono é obrigado, por lei, a manter a propriedade em bom estado. MARCO ANTÔNIO RAMOS DE ALMEIDA É SUPERINTENDENTE DA ASSOCIAÇÃO VIVA O CENTROSIMFalo como cidadão que transita pelos espaços públicos de São Paulo e presencia, diariamente, pichações das mais variadas formas. Algumas são somente um amontoado de letras incompreensíveis, que transbordam o espaço público e invadem o privado, deixando marcas horrorosas pela cidade. Essas, sou radicalmente contra e acho que o poder público tem de agir para impedi-las. Outra coisa completamente diferente são as manifestações de arte na rua, algo que está aí desde o começo do século 20 e já faz parte do cenário cultural e urbano de uma metrópole como São Paulo. Acho os grafites muito bonitos, agradáveis de se ver. Me proporcionam certo relaxamento. No caso dessas mensagens que propagam o amor, são a defesa de valores universais. Têm papel importante em uma cidade tão agressiva quanto São Paulo. Se, pichadas nos muros, conseguem transmitir algo positivo e inspirador, acredito que sejam bem-vindas, desde que respeitando patrimônio histórico e monumentos públicos, claro. Elas, inclusive, me remetem aos ensinamentos do Profeta Gentileza, que ficou conhecido nas ruas do Rio. MARTIM DE ALMEIDA SAMPAIO É PRESIDENTE DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OAB-SP

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