PF prende 22 pessoas por tráfico na rota América do Sul-Europa

Foram apreendidos 33 carros e um avião usado para transportar cocaína. Grupo atuava por meio de células independentes

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Por Rodrigo Burgarelli
Atualização:

Vinte e duas pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal por fazerem parte de uma grande organização criminosa de tráfico internacional. Segundo a PF, o grupo era composto de brasileiros, europeus, africanos e outros sul-americanos que atuavam em todas as etapas do tráfico, desde o fornecimento de cocaína vinda da Bolívia até a distribuição no Brasil e em outros países na África e na Europa.No total, 50 mandados de prisão foram cumpridos em quatro Estados (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio e Minas Gerais) pela PF - 20 correspondem a pessoas que já haviam sido presas durante as investigações e sete a criminosos residentes em outros países, cuja prisão é de responsabilidade de polícias estrangeiras e da Interpol. Um acusado ainda está foragido.A Operação Deserto, como foi intitulada a ação, foi deflagrada após 18 meses de investigações sobre a quadrilha. Durante esse tempo, foram apreendidas também 2,4 toneladas de cocaína, cujo valor estimado pela Polícia Federal é de R$ 28 milhões.Além disso, foram encontrados armas e munições como revólveres e até granadas anti-tanque, 33 veículos, uma aeronave avaliada em R$ 250 mil. A PF também apreendeu maquinário para a produção, refino e adulteração de cocaína e aproximadamente R$ 500 mil em euros, dólares e reais. Uma outra aeronave foi apreendida ontem em Rondonópolis (MT), durante o cumprimento da operação.Impacto. Para o coordenador da operação, o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, o grupo desbaratado era uma das maiores organizações criminosas atuantes no País. "Certamente foi um impacto muito grande no tráfico internacional de drogas."De acordo com ele, a quadrilha era composta por quatro células distintas e articuladas que funcionavam em sete Estados e em outros países, todas sob comando de um assessor jurídico da Câmara Municipal de Pereira Barreto, no interior de São Paulo. O assessor, chamado Massao Ribeiro Matuda, vivia em São José do Rio Preto e, para a PF, era o maior articulador entre os núcleos e a única pessoa que conhecia todos os envolvidos.A primeira das células era a dos fornecedores, formada por dois irmãos colombianos responsáveis por conseguir a droga em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Depois, a célula dos compradores (com base em São Paulo) adquiria a droga no Brasil - estrangeiros compravam o que seria destinado à Europa e brasileiros aquilo que seria consumido no País.Havia também um grupo de intermediários, que fazia todo o transporte aéreo, terrestre e naval das drogas. Elas chegavam da Bolívia em pistas clandestinas e em pequenos aeroportos de cidades fronteiriças, após serem acomodadas na parte interior das asas e na fuselagem dos aviões. No Brasil, a droga era acomodada dentro de painéis de caminhões e carros - vários deles eram de propriedade de um empresário dono de duas revendas de automóveis, no bairro de São Miguel Paulista, em São Paulo. Depois, a droga seguia de navio para a África e a para a Europa ou era destinada a algum laboratório de refino e adulteração, antes de ser destinada ao mercado interno. Um equipamento do tipo foi encontrado em Arujá, em fevereiro deste ano.A quarta célula era a dos coordenadores, chefiada por Matuda - que foi exonerado da Câmara Municipal ontem à tarde. O Estado não conseguiu contato com seu advogado.

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