PF diz que traficante preso em SP é sucessor de Pablo Escobar

Ramírez Abadia teria vindo para o Brasil com o intuito de comandar lavagem do dinheiro do cartel colombiano

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Por Rodrigo Pereira
Atualização:

O superintendente da Polícia Federal (PF) em São Paulo, Jaber Makul Hanna Saad, afirmou na tarde desta terça-feira, 7, que o traficante Juan Carlos Ramírez Abadia era o sucessor do lendário traficante Pablo Escobar, do Cartel de Medelín. A afirmação foi feita durante a entrevista coletiva que o delegado concedeu para revelar os detalhes da Operação Farrapos, que culminou na prisão do traficante - um dos mais procurados do mundo. Veja também: Imagens da operação que prendeu Abadia Traficante tem fortuna avaliada em R$ 3,4 bilhões Traficante colombiano aparece pela 1ª vez em público Brasil pode extraditar megatraficante preso em SP Traficante colombiano está no Brasil há 3 anos, diz PF Segundo o superintendente da PF, Ramírez Abadia veio para o Brasil com o intuito de comandar as atividades de lavagem do dinheiro do Cartel de Norte del Valle. "Ele vivia de maneira milionária, montava mansões super equipadas para não precisar ser visto nas ruas", afirmou Hanna Saad. De acordo com Hanna Saad, a Polícia Federal chegou até o traficante depois de dois anos de investigação. "Há dois anos tivemos a informação de que ele estava no Brasil e iniciamos as buscas por Curitiba." Ele estava havia pelo menos três anos na Grande São Paulo. Por volta das 3 horas, agentes da PF cercaram a luxuosa mansão mantida pelo traficante em Aldeia da Serra - região de condomínios milionários na Grande São Paulo. Ramírez Abadia foi detido na companhia de uma mulher, também colombiana. Ramirez-Abadia é considerado um dos maiores traficantes de drogas da Colômbia e está no topo de um organograma produzido pelo Departamento de Tesouro norte-americano. A Agência Americana Antidrogas (DEA) oferecia até US$ 5 milhões em troca de informações sobre o seu paradeiro. A Operação Farrapos prendeu na manhã desta terça pelo menos 13 pessoas envolvidas com o esquema - três empresários seriam 'laranjas', segundo informações policiais. Segundo informações policiais, Ramirez Abadia comandava um esquema de lavagem de dinheiro originário do tráfico de drogas internacional em São Paulo. A PF chegou até ele com o auxílio da Agência Americana Antidrogas (DEA). No local, a PF apreendeu uma coleção de relógios caros, de marcas como Cartier, Bulgari e Rolex. Ainda segundo informações fornecidas pela Polícia Federal, Ramirez Abadia era dono de diversas propriedades de luxo no Brasil. Uma delas, uma casa de praia em Jurerê, em Florianópolis, estaria sendo vendida por R$ 3 milhões. Além desta, a polícia investiga outras propriedades em Angra dos Reis, Curitiba, Porto Alegre e uma fazenda em Minas Gerais. Na residência, a PF encontrou diversos passaportes e, pelo menos, cinco carros na garagem. A operação, segundo a Polícia Federal, tem como objetivo desarticular uma quadrilha internacional de drogas. Os agentes da PF cumprem 16 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Pelo menos 13 pessoas já foram presos. Perfil Nos anos 80, antes de começar a trabalhar no tráfico de droga, ele era um jovem de classe média alta, universitário e adorava cavalos. Em pouco tempo, se tornaria em um possível sucessor dos barões do Cartel de Cali, junto com o amigo Juan Carlos Ortiz. Em 1996, os dois se entregam à Justiça colombiana. O Departamento de Justiça dos EUA pediu sua extradição nessa época, por envolvimento com o Cartel de Norte del Valle. O país não foi atendido e Chupeta, como é apelidado, cumpriu quatro dos 24 anos a que foi condenado - o traficante foi beneficiado pela confissão dos crimes. Suspeita-se que o traficante mantinha controle sobre os negócios mesmo dentro da prisão. A poucos dias de ser solto, seu amigo Ortiz foi assassinado. A autoria do crime foi atribuída ao novo sócio de Chupeta, Wilber Varela. Ramírez Abadia é um dos nove membros do Cartel de Norte del Valle processados pelos EUA. Ele é acusado de enviar anualmente centenas de toneladas de cocaína a Los Angeles e San Antonio, por rotas marítimas e aéreas que partiam da costa do México. O traficante também é responsável pela criação sua própria rede distribuidora de drogas em Nova York e se dedicava ao transporte e comércio de heroína. Até a sua prisão, suspeitava-se que o traficante se escondia no Chile, Uruguai e Argentina.

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