
20 de julho de 2012 | 03h03
As pessoas aliciadas pelo esquema eram recrutadas na região central de São Paulo. Para levar cocaína no estômago ou nas malas, elas recebiam de R$ 10 mil a R$ 16 mil. O quilo da cocaína, que custa cerca de R$ 4,5 mil na Bolívia, chega valendo R$ 120 mil do outro lado do Oceano Atlântico.
A investigação começou com a prisão de uma marroquina no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ela foi acusada de levar 4,7 quilos de cocaína na mala, mas acabou sendo absolvida após alegar que a bagagem com a droga não era dela.
Durante a investigação, a PF constatou a ligação da mulher com um nigeriano de 47 anos, o homem apontado como principal integrante da quadrilha e acusado de recrutar a "mula".
De acordo com a investigação, a quadrilha não acumula nenhum bem no Brasil. Todo o lucro do esquema criminoso é enviado para a África.
Apenas um dos criminosos chegou a enviar para a Nigéria o equivalente a R$ 6 milhões em apenas 75 dias.
As investigações tiveram apoio de organizações internacionais, do DEA (departamento americano antidrogas) e da agência inglesa Soca (que combate o crime organizado). Durante a apuração do esquema, foram presas 34 "mulas" e apreendidos mais de 70 quilos de cocaína.
Os investigados responderão por tráfico internacional de drogas, associação criminosa, financiamento do tráfico, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas somadas ultrapassam 60 anos de prisão.
Nacionalidades. O Brasil é a principal rota de drogas para a Europa. Muitos dos aliciados para levar a droga são estrangeiros. No interior do Estado, a Penitenciária de Itaí abriga quase exclusivamente "mulas" do tráfico. Lá, estão presos 2.122 estrangeiros.
A maioria dos detentos é de africanos, um total de 827, de acordo com informações do Ministério da Justiça. Dentro desse grupo, 327 são nigerianos.
O segundo continente com maior número de detentos é a América, com 716 pessoas, entre elas, 257 bolivianos.
Os nigerianos também aliciam pessoas na Europa, que despertam menos suspeitas na chegada ao continente.
Com a crise europeia, desde 2008, houve um aumento de 80% no número de europeus presos no Estado. Atualmente, há 461 europeus presos em São Paulo. Pessoas oriundas de países em crise, como Portugal e Espanha, lideram as estatísticas.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.