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PF culpa obra por queda de prédios no Rio

Delegado planeja indiciar responsáveis por reforma no 9º andar do Edifício Liberdade por 22 homicídios

Por ANTONIO PITA /RIO
Atualização:

O desabamento do Edifício Liberdade, no centro do Rio, que provocou a morte de 22 pessoas em janeiro passado, foi causado pelas obras de reforma no 9.º andar do prédio, segundo investigação da Polícia Federal. O delegado Fábio Scliar, que assumiu o caso na sexta-feira, afirmou ontem que deve indiciar por homicídio os responsáveis pela obra. O delegado inquiriu ontem a administradora Cristiane Azevedo, que é funcionária da T.O. Tecnologia Organizacional, empresa de informática que funcionava nesse e em outros andares do edifício. Segundo o delegado, Cristiane era responsável pelo controle de gastos da obra e também teria copiado a planta de outros quatro andares já reformados do prédio para auxiliar na obra do 9.º andar. Com base no depoimento, que não havia terminado até as 20h, Scliar poderia decidir indiciar Cristiane. "Ainda não há entendimento se são homicídios dolosos (com intenção) ou culposos. Mas são 22 homicídios mais os crimes de desmoronamento e contra o patrimônio histórico (pelos danos no vizinho Theatro Municipal). As penas são bastante robustas", diz Scliar, que só aguarda a conclusão da perícia para encerrar o inquérito. Ontem, Scliar também ouviu quatro pessoas envolvidas na obra: um empreiteiro e três pedreiros contratados por ele. Os depoimentos indicaram que a reforma, iniciada dez dias antes do acidente, pode ter abalado a estrutura do prédio. O pedreiro Wanderley Muniz da Silva afirmou que derrubou paredes e vergalhões trançados que iam do teto ao chão. "Isso significa que (cada vergalhão) estava cravado na laje. Há vários indícios de que a estrutura foi danificada pela obra", afirmou o delegado. O advogado da T.O., Jorge Willians, afirmou que também havia obras no 8.º e no 18.º andares, que não eram de responsabilidade da empresa. Segundo ele, elas ocorriam simultaneamente e também podem ter contribuído para o desabamento. Já o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) afirma que a obra era irregular, pois não tinha engenheiro responsável.

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