19 de novembro de 2008 | 10h11
Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) vão reconstituir a invasão dos policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) até o desfecho do seqüestro de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos. Nayara Rodrigues da Silva, de 15 anos, vai participar da reconstituição nesta quarta-feira, 19. Lindemberg Alves, de 22 anos, que manteve as duas meninas reféns, não vai até o local, afirmou a advogada Ana Lúcia Assad. A reconstituição estava marcada para às 10 horas desta quarta, mas a previsão é que comece somente às 11 horas. Veja também: Perguntas e respostas sobre o caso Eloá Especial: 100 horas de tragédia no ABC Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg Imagens da negociação com Lindemberg I Imagens da negociação com Lindemberg II Especialistas falam sobre o seqüestro no ABC Galeria de fotos com imagens do seqüestro Todas as notícias sobre o caso Eloá Até às 10h30, apenas os advogados de Lindemberg haviam chegado ao local da reconstituição - no conjunto de prédios do CDHU em Santo André. No local, há muitos policiais militares, que fazem o isolamento da área da reconstituição. Com a garoa que atinge a região, não há muitos curiosos no local. O colégio que fica em frente ao conjunto de prédios - que foi usado pelos policiais durante as negociações do seqüestro - funciona normalmente nesta quarta. No dia 17 de outubro, Nayara e a amiga Eloá eram mantidas reféns por Lindemberg quando policiais do Gate invadiram o local. As duas foram baleadas por Lindemberg. Eloá não resistiu aos ferimentos e morreu. O desfecho se deu depois de cinco dias de cárcere privado, o mais longo registrado no Estado. Lindemberg estava inconformado com o fim do namoro, de dois anos e meio, que tinha com Eloá. O rapaz, com um revólver calibre 32, atirou na cabeça e na virilha da ex-namorada. Nayara foi baleada no rosto e o acusado acabou preso. Nayara será acompanhada por seus advogados, integrantes do Conselho Tutelar e ainda por uma psicóloga. A menina apenas contará o que aconteceu, não irá representar. Os movimentos e gestos dela deverão ser reproduzidos por uma policial. "Acertamos com os policiais civis a participação dela. Queremos colaborar, mas sem expor a Nayara. E tem outro fator, levar a menina à cena do crime é muito traumático para ela", disse o advogado de Nayara, Marcelo Augusto de Oliveira. A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, disse que seu cliente não vai comparecer. "Pela lei vigente no Brasil, a pessoa não é obrigada a constituir prova contra si mesma. Mas eu vou acompanhar a reconstituição", disse Ana Lúcia. A equipe de peritos chefiada pelo diretor do IC de Santo André, Nelson Gonçalves, vai reconstituir a partir da entrada dos policiais até o desfecho, no momento em que o rapaz atira contra as reféns. Deve contar com o máximo de envolvidos no episódio. Isso inclui também médicos e parentes. A reconstituição, que contará também com os integrantes do Gate que participaram da operação no dia do desfecho do seqüestro, tentará esclarecer se houve ou não o disparo momentos antes da invasão. Esse foi o motivo alegado pelo comandante do Policiamento de Choque, Eduardo José Félix de Oliveira, para que seus subordinados entrassem no apartamento. Para o promotor que atua no caso, Antonio Nobre Folgado, a reconstituição em nada mudará seu posicionamento sobre o a culpa de Lindemberg. "Acredito que (a reconstituição) será uma peça auxiliar, mas que não trará nada de novo sobre o que já foi apurado", disse o promotor Folgado - que acompanhará o trabalho dos peritos. O promotor denunciou Lindemberg por 12 crimes divididos em três artigos do Código Penal: homicídio, cárcere privado e disparo de arma de fogo. Caso seja condenado, poderá pegar pena que varia entre 50 e 60 anos de reclusão. Ele está preso na Penitenciária de Tremembé, no interior do Estado. Texto ampliado às 10h28 para acréscimo de informações.
Encontrou algum erro? Entre em contato