Peregrinos fazem malabarismos econômicos para se alimentar

Como o cartão-refeição tem limite de R$ 30 por dia, eles dividem a conta de supermercados e buscam promoções

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Por Leonencio Nossa , Roberta Pennafort e Rio
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O filme poderia se chamar "Como ser um turista duro no Rio de Janeiro". Os peregrinos que chegaram à cidade para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) fazem malabarismo e muita conta para se manter durante a semana do evento. Enquanto taxistas e donos de restaurantes da zona sul se queixam que a "vida" não foi alterada pela visita do papa Francisco, gerentes de supermercados, quitandeiros e lojistas de bugigangas comemoram a chegada dos novos fregueses.Como outros jovens do interior do País, o eletricista Fernando Mazzini, 27 anos, de Piracicaba (SP), ganhou um cartão-refeição dos organizadores do evento com limite de R$ 30 por dia. Ele e quatro amigos foram alojados na casa de uma professora em Realengo (zona oeste). É no bairro do subúrbio que ele prefere se alimentar, sempre em grupo. Na noite de domingo, uma rodada de pizza e refrigerantes para dez pessoas custou R$ 100. A cabeleireira Amanda Alves, 25 anos, e a assistente administrativa Fernanda Araújo, 24, também de Piracicaba, decidiram comprar alimentos em supermercados. Na manhã de ontem, fizeram uma "extravagância" econômica. Entraram numa pequena loja de roupas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana e compraram shorts de praia por R$ 25. "Vamos entrar na água sem problema", disse Fernanda, que trouxe R$ 500 do próprio bolso.Vanderson Lafaiete, 20 anos, desempregado, de São Paulo, faz um esforço para não ultrapassar o limite do cartão. Ele tem aproveitado a promoção de uma lanchonete que dá desconto de 100% no segundo hambúrguer. Pela manhã, toma café na paróquia onde está hospedado, em Realengo. O professor moçambicano Crispin Estevão, 24 anos, de Maputo, hospedado no morro do Pavão-Pavãozinho (zona sul), pediu dinheiro emprestado ao chefe para pagar a viagem. A sorte é que ele trabalha para a sua própria paróquia - um padre lhe adiantou 50 mil meticales (US$ 1.700).O estudante espanhol Guillem Falgueras, 17 anos, de Barcelona, é hóspede na casa de uma família na Barra da Tijuca (zona oeste). Nos primeiros dias no Rio, avaliou que os preços estão "razoáveis". "Não posso falar muito, porque minha única referência é a Espanha, que passa por uma crise financeira e social."

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