31 de março de 2012 | 03h02
"Tomar o chope de pé na calçada, acotovelar-se entre os clientes e gritar por mais um chope faziam parte da tradição do local", diz o economista Daniel Rodrigues Ferreirinho, de 45 anos, que chegou a frequentar o estabelecimento ao menos três vezes por semana, de 1992 a 2008. "Nunca deixava de comer joelho de porco na quarta-feira e bacalhau na sexta. Perdemos um patrimônio da cidade."
O empresário Edgard Bueno da Costa, dono de botecos descolados como o Pirajá e o Original, ficou "horrorizado" com a notícia. "Não é possível. O Leo é um monumento da cidade", disse ao saber da notícia na Itália, onde passa alguns dias. "O Original foi inspirado no Leo."
O Leo inspirou também o jornalista Otávio Canecchio Neto, então crítico de bares, quando resolveu abrir o Veloso, há sete anos, na Vila Mariana, zona sul da cidade. "O Leo era um ponto turístico. Inspirou uma geração de paulistanos."
Mas, desde o fim de 2010, o bar encolheu o horário de atendimento em 30 minutos nos dias de semana e em uma hora e meia nos sábados. Durante o período de fraude, o chope também teve alterações no preço - passou de R$ 5,50 para R$ 6.
O movimento já não era o mesmo. "Depois da morte do antigo proprietário, em 2003, o negócio foi parar na mão de herdeiros, que não tinham a mesma experiência", diz Canecchio Neto. Nos últimos seis meses, sobrava lugar no salão, anteriormente disputado, especialmente nos sábados. /D.T.M. e VALÉRIA FRANÇA
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