Pedestres sofrem para atravessar ruas de SP

Sem faixas e semáforos, quem está a pé tem de se arriscar em várias vias da cidade

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Por Rodrigo Burgarelli
Atualização:

Ser pedestre em São Paulo é tarefa difícil. Em uma cidade de cerca de 6 milhões de carros, não é raro encontrar locais onde o transporte motorizado tem prioridade total sobre quem anda a pé. Em alguns casos, não há faixas de pedestres. Quando há, falta semáforo. E, mesmo quando os dois estão lá, o tempo de espera para o pedestre é enorme - chega a ser até 15 vezes mais longo do que o farol para os veículos.Para exemplificar essas dificuldades, o Estado escolheu cinco cruzamentos emblemáticos na cidade. Cada um representa um problema que se repete em outros locais de São Paulo - a começar pela travessia da Avenida Pedro Álvares Cabral, a poucos metros da Assembleia Legislativa e do Obelisco do Parque do Ibirapuera, na zona sul.Lá, um ponto de ônibus no meio de uma praça está ilhado, sem nenhuma faixa de pedestres para facilitar a chegada dos passageiros. Por isso, moradores e trabalhadores da região que utilizam transporte público têm de atravessar correndo, no intervalo entre os carros, as quatro faixas de trânsito pesado da avenida. Os relatos de acidentes são comuns. "Duas colegas de trabalho já foram atropeladas aqui. É um perigo", disse o assistente contábil Régis Sampaio, que trabalha no Círculo Militar.Também é difícil atravessar a Avenida Brigadeiro Luís Antônio na altura da Rua Estados Unidos. Ali há faixa, mas falta semáforo. Por isso, o fluxo de carros praticamente ininterrupto nos horários de pico acaba forçando o pedestre a esperar no meio da via uma brecha para conseguir chegar ao outro lado. Algo parecido acontece na esquina da Avenida Doutor Arnaldo com a Rua Cardoso de Almeida, na zona oeste, onde o fluxo de carros é ininterrupto e, mesmo assim, não há faixa nem farol. Atropelamentos. A falta de semáforo também traz insegurança a quem caminha pela Avenida Europa, nos Jardins, zona sul, e precisa atravessar as Ruas Áustria e Alemanha. A situação ali é caótica: o pedestre precisa enfrentar dois cruzamentos bem movimentados e sem semáforo, onde o fluxo de carros vem de três direções diferentes. O resultado: em dois meses trabalhando ali perto, o segurança Edvaldo Santos Nunes já viu três atropelamentos. "Para atravessar, só correndo muito. E fica bem mais perigoso para quem é mais velho, principalmente à noite."Outro ponto problemático é a travessia da Rua da Consolação na esquina com a Rua Dona Antônia de Queiroz, no centro. A questão ali é a espera. Para os automóveis que descem a Consolação sentido centro, o semáforo fica fechado por 15 segundos. Já para os pedestres que cruzam a Consolação, são cerca de 3 minutos e 50 segundos de espera - quase 15 vezes mais. Resposta. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) afirmou que estuda a retirada do ponto de ônibus da Avenida Pedro Álvares Cabral. Já no cruzamento da Brigadeiro Luís Antônio com a Estados Unidos, um semáforo será instalado.Nas outras travessias, não haverá mudanças. Segundo a CET, o fluxo de pedestres do cruzamento da Avenida Europa é de apenas 12 pedestres/hora, o que não atinge o patamar mínimo de 190 pedestres/hora para implantação de semáforo. A CET afirmou também que é inviável aumentar o tempo de travessia na Consolação - isso poderia aumentar a lentidão dos ônibus. Já no cruzamento da Doutor Arnaldo, disse que já instalou um semáforo e a posição da faixa de pedestres está adequada.

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