23 de abril de 2012 | 03h01
No Recife, Paul fez quase a mesma apresentação das últimas passagens pelo País, trocando uma música ou outra de seu caminhão de hits. Seu show é catártico. Já Dylan foi no caminho oposto. Sem populismos ou telões de alta definição. Sem mensagens em português, sem mensagens em inglês, sem mensagem alguma. Dylan briga contra algo do qual não consegue se desvencilhar nem com mandinga: sua própria estatura.
Na mesma noite em que Paul dizia que estava na "terra de Luiz Gonzaga", Dylan desafiava tudo o que não era música, a partir da hora em que aparecia com a música Leopard Skin Pill-Box Hat. Não queria cenografia nem iluminação especial. Seu guitarrista não pedia palmas. E sua boca se mexia só o suficiente para que as palavras que ninguém entendia saíssem dela. Dylan desconstruía até as palavras. Ali está um homem que nunca quer andar pelo caminho mais fácil. / JULIO MARIA e JOTABÊ MEDEIROS
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