Patrimônio histórico tomba 4 estações ferroviárias no interior

Paradas simbolizam o auge do ciclo econômico do café no Estado; Câmaras, cadeias e fóruns também estão na lista

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Quatro estações ferroviárias que simbolizam o auge do ciclo econômico do café no Estado de São Paulo, no século 19, foram tombadas simultaneamente pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat). Conforme o órgão divulgou nesta terça-feira, 20, os tombamentos vão garantir a preservação de remanescentes da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que desempenhou papel relevante nos processos sociais, históricos e econômicos da cultura paulista.

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Águas da Prata.A estação ferroviária, inaugurada em 1886, permitiu a exploração turística das fontes de águas minerais descobertas na região Foto: José Antonio Chinelato Zagato

Um dos prédios tombados, o Palácio da Mogiana, construído entre 1891 e 1910 em Campinas, esteve ameaçado de demolição para o alargamento de uma avenida em 1953. O edifício perdeu uma das alas, mas passou por restauração em 2014 e voltou a ser utilizado. Campinas foi um dos principais polos da cafeicultura paulista, e o palácio foi sede da Companhia Mogiana de 1910 a 1926. O prédio continuou em uso pela ferrovia até 1972. Atualmente, abriga repartições municipais.

Campinas.Atualmente, o Palácio da Mogiana abriga repartições municipais Foto: José Antonio Chinelato Zagato

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Em São Simão, no norte paulista, foi tombada a Estação Ferroviária de Bento Quirino, onde o café era embarcado para seguir de trem até o Porto de Santos, substituindo o transporte em carros de boi ou muares. O prédio, construído em 1902, abriga o Museu Municipal Ferroviário.

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Mais antiga, a Estação Ferroviária de Águas da Prata, inaugurada em 1886, permitiu a exploração turística das fontes de águas minerais descobertas na região. A fama terapêutica das águas, comparadas às de Vichy, na França, atraiu visitantes e levou à formação da cidade. 

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O tombamento da Estação Ferroviária de Brodowski também considerou o valor para a cultura local, pois o prédio e a ferrovia serviram de inspiração para o artista plástico Candido Portinari, estando presentes em diversos quadros e croquis. O núcleo urbano formou-se ao redor da estação. O nome da cidade homenageia o engenheiro Alexander Brodowski, inspetor da Mogiana.

Conforme o parecer do Condephaat, o tombamento das estações traz de volta esses patrimônios para a esfera de valorização pública, garantindo que as futuras intervenções assegurem a preservação desses locais para a comunidade.

São Simão.O prédio da Estação Ferroviária de Bento Quirino, construído em 1902, abriga o Museu Municipal Ferroviário Foto: José Antonio Chinelato Zagato

Cadeias

O Condephaat tombou também prédios de Câmaras, cadeias e fóruns em outras quatro cidades paulistas. Foram tombados o antigo Fórum e Cadeia de Mogi Mirim; a Casa da Câmara e Cadeia de Itapetininga; o prédio da antiga Câmara e Fórum de Araraquara, atualmente abrigando o Museu Histórico Voluntários da Pátria; e o antigo Fórum de São Pedro.

São Pedro.Prédio da Câmara Municipal foi tombado Foto: José Antonio Chinelato Zagato

Conforme o órgão, os tombamentos preservam edifícios que representam a materialização das políticas de segurança pública e justiça no Estado de São Paulo até meados do século 19.

Os quatro edifícios mantêm o uso público até hoje. O reconhecimento desse patrimônio foi resultado do Estudo Temático de Casas de Câmara, Cadeias e Fóruns do Estado de São Paulo, pelo qual o conselho organizou o conhecimento sobre esse tipo de imóvel. No mesmo contexto, já foram tombados 15 edifícios em cidades do interior, litoral e região metropolitana de São Paulo.