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Passageiros reclamam de filas e atrasos

Média de Cumbica já é de 167 passageiros/ m²; com 4 feriados, além de Natal e ano-novo, previsão é de mais lotação no segundo semestre

Por Nataly Costa
Atualização:

O maior aeroporto do País é pequeno para acomodar na mesma fila de check-in a família de Roberto Gonçalves Neto, que estava até ontem em São Paulo de férias com a mulher e três filhas. "Nosso voo sai daqui a meia hora e estamos "presos" no meio da fila. Daqui a pouco começa a gritaria para o embarque e a gente tem de passar na frente de todo mundo, se não perde", diz o engenheiro gaúcho. Os relatos de "aperto" e "desconforto" são comuns nos depoimentos sobre Cumbica, um aeroporto da década de 1980 que hoje está subdimensionado - só até junho deste ano, os dois terminais em operação receberam uma média de 77 mil pessoas por dia. Com mais quatro feriados até o fim do ano, além de Natal e ano-novo, o movimento do segundo semestre tende a ser maior que o do primeiro.Viajante frequente da rota Natal - São Paulo, cujos voos diretos só operam por Cumbica, a dentista Carla Viasi, de 42 anos, conhece bem os gargalos do aeroporto. "É difícil um voo sair na hora. Uma vez é porque tem de esperar liberar um finger, outra é porque falta o ônibus para levar até o embarque remoto. Com isso, lá se vão dez minutos aqui, 15 ali."Em números. Estatísticas confirmam o que os passageiros sentem na pele: segundo estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, os aeroportos brasileiros recebem 30% a mais de passageiros por metro quadrado do que qualquer aeroporto americano. Só Cumbica já acomoda 167 pessoas por metro quadrado - um pouco acima da média nacional, de 165. Além dos terminais remotos e do módulo operacional, a parte interna do aeroporto também está em obras - a Infraero não informou quando vai concluir a ampliação da área de inspeção de raio X e aumentar o número de guichês da Polícia Federal para acelerar os desembarques internacionais. Terceiro terminal. Depois dos "puxadinhos", o governo federal promete entregar metade do terceiro terminal de Cumbica até 2013 - a obra, quando completa, vai ampliar a capacidade do aeroporto para 35 milhões de passageiros por ano. O plano é que Cumbica já seja então um aeroporto privado, como São Gonçalo do Amarante (Natal), Viracopos (Campinas) e Brasília, que também aguardam concessão.O edital de licitação do terceiro terminal de Cumbica está previsto para sair em dezembro - a data, contudo, é contestada pelo setor. O advogado Fernando Osório, integrante da Associação Mundial de Advogados de Aeroportos (Wala, na sigla em inglês), acredita que o prazo é "legalmente inviável". Estudo elaborado para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) calculou mais um ano e meio até o início das obras do terceiro terminal. "O edital de São Gonçalo, um aeroporto menos complexo, já levou 39 meses. Imagine Cumbica", diz Osório.DebateA solução passa por "puxadinhos" e "puxadões"?José Roberto BernasconiSim É melhor do que nada. Claro que a solução definitiva para Cumbica viria com um planejamento completo de logística, que deveria ter sido feito há muito tempo. Mas não dá mais para ficar só olhando. As pessoas têm preconceito com o caráter provisório dos "puxadinhos" e "puxadões". O fato de ter estrutura leve não significa que não vai ser funcional - desde que tudo seja feito dentro das condições adequadas. É PRESIDENTE DO SINDICATO NACIONAL DA ARQUITETURA E ENGENHARIA CIVIL (SINAENCO)James WaterhouseNão Para construir aeroporto não se pode ter visão imediata e contemplar necessidades pontuais. Construir terminal remoto é mais uma solução improvisada que consome dinheiro público e resolve um problema isolado. Esse tipo de obra já nasce com problemas associados: falta bolsão de estacionamento à altura, vai continuar faltando finger, o trânsito do passageiro no aeroporto segue prejudicado. "Puxadinho" e "puxadão" é uma forma de apagar o fogo sem pensar em soluções inteligentes. É ENGENHEIRO E PROFESSOR DA USP SÃO CARLOS

 

 

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