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Parentes levam 200 vasos de flores em homenagem aos mortos

Saguão do Aeroporto de Congonhas estava lotado; passageiros aplaudiram e rezaram durante protesto

Por Camilla Haddad
Atualização:

Parentes das vítimas do acidente da vôo JJ 3054 chegaram no início da noite desta terça-feira, 24, ao Aeroporto de Congonhas carregando vasos de violetas. Era um ato em homenagem aos mortos. As flores foram levadas nos carrinhos geralmente usados para carregar malas de viajantes até o check-in da TAM.   O ato começou às 19 horas e durou 20 minutos. Cerca de dez familiares das vítimas, além de representantes de ONGs, chegaram num único ônibus, que havia partido do Hotel Blue Three, onde os parentes estão hospedados, escoltado pela PM. Congonhas estava superlotado por causa do fechamento da pista desde o final da manhã. Passageiros, antes irritados com falta de informação, pararam e aplaudiram a entrada dos manifestantes.   Além das violetas, os familiares dos mortos usavam camisas com a fotografia de algumas vítimas. Quando eles chegaram ao guichê da TAM, o sistema de som do aeroporto pediu um minuto de silêncio, que foi respeitado. Em seguida todos rezaram o pai nosso. Depois, houve mais uma salva de palmas. Simone Almeida, irmã da vítima Ricardo Almeida, disse que cada uma das flores representava um dos mortos. Segundo ela, os parentes traziam exatamente 200 vasos.   Além de Ricardo, Simone perdeu sua cunhada Elenilze e os dois sobrinhos, Larissa e Bruno. Toda a família voltavam das férias em Gramado (RS). Até agora nenhum dos corpos foi identificado. "É uma espera dolorosa. Uma família inteira se foi e agora só fica a dor."   O ato contou também com a participação de vítimas de outra tragédia. Velma Cavalheiro, que teve a sua casa interditada por causa da cratera do Metrô, apareceu no aeroporto para dar seu apoio aos parentes. "Vim porque sei o que é sofrer descaso das autoridades."   Durante a manifestação, funcionários das companhias aéreas deram as mãos. Um piloto chegou a colocar um vaso de violeta sobre o logomarca da TAM. A atitude despertou a fúria do administrador de empresas Luiz Fernando Moyses, 36 anos, marido de uma vítima. "A TAM está fazendo marketing em cima dos mortos!", bradou.

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