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Parentes da magistrada protestaram durante enterro

Mais de 300 pessoas acompanharam sepultamento; para Cabral, crime é desafio à ordem pública

Por Bruno Boghossian
Atualização:

RIO Parentes da juíza Patrícia Acioli reagiram com revolta à execução da magistrada e classificaram como negligente a suspensão de sua escolta particular. Ao mesmo tempo, autoridades que participaram do sepultamento no Cemitério de Maruí, em Niterói, circulavam com seguranças. "Se isso aconteceu, é porque em algum momento o Estado falhou", disse um parente que pediu para não ser identificado. "Ela morreu porque acreditava na Justiça, mas o sistema falhou. A bandidagem perdeu o medo do Estado", afirmou. O enterro foi acompanhado por cerca de 300 pessoas, incluindo juízes, promotores e advogados, que aplaudiram Patrícia durante o cortejo e o enterro. O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, não foram ao enterro. Mais cedo, Cabral declarou que o crime "é um desafio à ordem pública e ao estado democrático de direito". Beltrame classificou o crime como bárbaro e afirmou que "o momento é de investigar, apresentar resultados e falar pouco". Resposta. Representantes do Judiciário afirmaram que não recuarão diante do assassinato e pretendem intensificar as investigações contra os grupos criminosos da região. "Vamos montar uma força-tarefa na região de São Gonçalo para mostrar que, quanto mais nos atacarem, mais vamos pressioná-los", declarou o desembargador Antonio Cesar Siqueira, presidente da Associação de Magistrados do Rio (Amaerj). "Temos de tomar medidas drásticas. Não vamos nos acovardar e não vamos arredar um milímetro." O Ministério Público também estuda a possibilidade de aumentar o número de promotores que atuam em São Gonçalo e promete reforçar a segurança de seus profissionais. Vizinhança. No condomínio onde Patrícia morava com os três filhos, no bairro de Piratininga, em Niterói, vizinhos contam que os tiros foram ouvidos em toda a rua. O local é considerado tranquilo, mas há dezenas de câmeras de segurança espalhadas pelas ruas. No Fórum de São Gonçalo, o gabinete da juíza foi lacrado pelo Departamento de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça. As bandeiras passaram o dia a meio mastro e o cartório da 4.ª Vara Criminal não prestou atendimento.

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