Para evitar questão da água, MPL vai à periferia

MPL deixa centro, sob pressão de grupos que querem a crise hídrica nas manifestações, ao lado da tarifa; Paulista terá ato independente

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Por e Diego Zanchetta
Atualização:

SÃO PAULO - Depois de ver a crise hídrica tornar-se um tema cada vez mais frequente em suas passeatas contra a tarifa de R$ 3,50, o Movimento Passe Livre (MPL) evitou protestar no centro da cidade e organizou nesta terça-feira, 3, três marchas simultâneas em pontos diferentes da periferia - que reuniram pouco mais de 200 manifestantes. A ação serviu para o grupo afastar-se de pressões que vem sofrendo de outros movimentos, que querem a água em discussão e farão um ato independente na semana que vem na Avenida Paulista. "Não que a questão da água não seja importante. Mas cada protesto tem de mostrar, logo na faixa de abertura, qual é o seu foco. Quando entram várias pautas em um mesmo movimento, o poder de reivindicar fica menor", afirmou o militante do MPL Marcelo Hotiniski, que participou de uma caminhada do movimento em São Miguel Paulista, na zona leste. O MPL já reuniu mais de 5 mil pessoas em manifestações neste ano, segundo números oficiais da Polícia Militar - e mais de 30 mil, conforme reivindica o grupo -, mas os cartazes de movimentos estudantis e anarquistas que os seguem têm trazido cada vez mais dizeres reclamando da crise hídrica.

Protesto acontece em Pirituba, zona norte de São Paulo Foto: Passe Livre/Divulgação

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O MPL jamais fez críticas a esse posicionamento dos apoiadores, como também nunca condenou a ação de integrantes da tática Black Bloc. Mas não fez, até aqui, nenhuma menção à crise da água.

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"Não somos donos da rua e não vamos mandar ninguém sair da rua", diz o militante Mateus Preis, que ontem esteve no ato da Estrada do Campo Limpo, no extremo sul da cidade. Ele argumenta, ainda, que as ações nas periferias acontecem independentemente da "disputa de pautas" que a crise hídrica trouxe à redução das tarifas. "Sempre estivemos nas periferias", disse. "Não saímos do centro. Tanto que haverá um ato na sexta-feira", completou.

Já Francisco Fernando, de 22 anos, militante da organização Território Livre, avalia que a demanda pela água pode mobilizar mais pessoas nas ruas. Ele vai participar do ato independente da próxima semana, que tem concentração na frente do Masp. "A questão da água é mais urgente e pode mobilizar mais gente. As pessoas não estão mais vindo só pela tarifa", afirmou.

A preocupação com a divisão de pautas, entretanto, já foi um dos motivos que fizeram o grupo marchar até a casa do prefeito Fernando Haddad (PT), na Vila Mariana, zona sul, na semana passada. Parte dos manifestantes queria ir até um "alvo" ligado ao governo do Estado - a Assembleia Legislativa, local escolhido para o protesto terminar, tocou no governo do Estado sem acertar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), apontado por parte dos manifestantes como responsável direto pela crise hídrica.

Panfletagem.

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Na periferia paulistana, também sem os black blocs - que costumam aparecer só em manifestações centrais, com maior número de manifestantes -, o MPL costuma aproveitar para panfletar com mais calma seus ideais, buscando aumentar o número de críticos contra o aumento da passagem.

"Eles estão correndo atrás. Não dá para falar mal. Não concordo muito com quebra-quebra. Mas eles têm razão de reclamar do preço da passagem", disse uma vendedora que havia recebido um panfleto do grupo na Estrada do Campo Limpo.

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