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Para especialistas, situação precisa ser revista

Por Marcio Pinho e Paulo Saldaña
Atualização:

Para arquitetos, é preciso primeiramente mudar a cultura que existe em relação à utilização do rio e sua interação com a cidade para solucionar a questão das pontes. Em cidades americanas e europeias, isso acontece. Arquiteto da Ponte Octavio Frias de Oliveiras, João Valente afirma que as pontes em São Paulo não foram entendidas como uma continuidade do tecido urbano, mas como forma de transpor os rios. Segundo ele, a Ponte da Bandeiras é um exemplo do que ocorreu. Apesar das alças que o pedestre tem de atravessar, ela desempenhava importante papel ligando Santana à região central. "Era articuladora. As calçadas da Avenida Tiradentes têm continuidade, são confortáveis, e a ponte está no mesmo nível da avenida. Mas, com o aumento expressivo de veículos, a capacidade de transportar pedestres ficou atrofiada."Segundo Valente, as pontes são hoje vias estruturais com grande fluxo e marginalizam o pedestre. O arquiteto defende uma discussão de mobilidade que passe por saber que público cada ponte atenderá, a possibilidade de construção de passarelas - e como a cidade pode interagir mais com os rios. A construção de túneis que fizessem o papel das Marginais, para traçados de longa distância, seria uma opção para diminuir o fluxo na beira dos rios e permitir a construção de passeios e travessias. "Um transporte público mais eficiente seria necessário."Para a professora de arquitetura do Mackenzie Maria Helena Merege Vieira, a grande diferença entre São Paulo e cidades europeias é que lá as pontes são mais antigas e foram também feitas para os pedestres. Uma cultura que não tende tanto ao automóvel foi determinante, diz. A cultura paulistana, segundo ela, marginaliza os rios, tratando-os como canais de esgoto.Maria Helena defende a construção de passarelas para pedestres e ciclistas e afirma que o ideal seria instalar parques ao lado dos rios para atender outros públicos, que não os motoristas.

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