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Para construir 400 km de ciclovias, Prefeitura deve tirar 40 mil vagas de estacionamento

Capital paulista tem apenas 63 quilômetros de vias exclusivas para bicicletas; custo de implantação será de R$ 80 milhões

Por Caio do Valle
Atualização:

Atualizada às 21h32

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SÃO PAULO - A Prefeitura de São Paulo planeja construir 400 km de ciclovias segregadas na cidade até o fim de 2016, a um custo de R$ 80 milhões. Vias como a Avenida Paulista, no canteiro central, e as Ruas Vergueiro e Domingos de Moraes podem ser contempladas.

Como ocuparão principalmente o lado esquerdo das vias, coladas à calçada, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, estima que entre 30 mil e 40 mil vagas de estacionamento, incluindo áreas de Zona Azul, sejam suprimidas. 

O plano foi divulgado nesta quarta-feira, 4, por Tatto no Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT). “Vamos tirar vagas dos carros para uma ocupação do espaço público pelas bicicletas. É evidente que há sempre o conflito com o estacionamento do carro. Talvez por isso até hoje não foram implementadas ciclovias na cidade”, afirmou o secretário, prevendo reclamações dos motoristas. Os recursos podem vir do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema). 

Um projeto-piloto já está sendo construído em um trecho de 1,6 km na região central, ligando o Largo do Paiçandu à Estação Julio Prestes, onde fica a Sala São Paulo, passando por vias como a Rua Antônio de Godoy e a Avenida Cásper Líbero. A previsão inicial era de que esse trajeto ficasse pronto no sábado, mas Tatto disse que o prazo deve ser prolongado.

O conselheiro suplente do CMTT Felipe Fernandes, que representa os ciclistas, defendeu que a Prefeitura não dê preferência às ruas secundárias para a construção das ciclovias, como prevê a diretriz do projeto. “Muitas vezes o nosso melhor caminho é justamente as vias principais.” Ele também pede que seja revista a ideia de usar o lado esquerdo das vias para o leito das bicicletas. “Ali é justamente onde os carros andam mais rápido.”

O especialista em Transportes pela USP Horácio Augusto Figueira defende a criação das ciclovias. “Veículo parado não pode atrapalhar o ônibus e tem de ceder o espaço para a bicicleta. Estamos acostumados há 50 anos a parar o carro onde vamos, seja residencial ou comercial, mas a questão da bicicleta nunca foi olhada em São Paulo.” Para ele, é preciso que o governo esteja atento aos locais onde haja grande demanda, como o Jardim Helena, na zona leste, onde já estão sendo construídos 14,9 km de ciclovias.

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Corredores. Diferentemente do que a gestão Fernando Haddad (PT) havia estabelecido como uma de suas metas, de construir 400 km de vias para bicicletas (entre ciclovias, ciclofaixas de lazer e ciclorrotas), agora a Prefeitura promete 400 km só de ciclovias, o que torna o projeto mais ousado, já que esse mecanismo é permanente e segregado do resto do trânsito. Essa dimensão não prevê as ciclovias que serão construídas junto com os 150 km de novos corredores de ônibus, que o governo petista também promete para o fim de 2016. Cada quilômetro custará em média R$ 200 mil, metade para sinalização e o restante para pequenas obras viárias de adaptação. 

Hoje, a cidade tem 63 km de ciclovias, muito abaixo de outras metrópoles, como Berlim (750 km), Nova York (675 km), Amsterdã (400 km), Bogotá (359 km) e Buenos Aires (130 km).

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